Resumo

Ao tratarmos das questões de corpo é indispensável considera-las para muito além do biológico. O corpo é passível de influências históricas, culturais, sociais, políticas e tecnológicas, portanto é muito mais que um aglomerado de órgãos, mas é também suas roupas, acessórios, tecnologias acopladas, modos de ser e agir. O corpo também se modifica a partir de intrincadas relações que se dão por meio da produção de significados, ou seja, a partir das representações, onde se tem a construção de conceitos e preconceitos, saberes e identidades diversas, assim como de corpos com características diversas. Significados acerca do corpo são construídos, veiculados, afirmados e reafirmados por meio de inúmeros processos e instâncias educativas as quais nos interpelam, pelo que é exibido e pelo que é ocultado. Percebe-se que atualmente dentre estas várias instâncias educativas, a mídia destaca-se enquanto decisiva. A partir de seus artefatos culturais, por meio de seus dispositivos pedagógicos, na mídia o corpo é produzido, controlado, falado, representado e normalizado. Pesquisa de cunho qualitativo, com caráter descritivo-explicativo e coleta de dados a partir de fonte documental, este estudo tem por objetivo analisar os discursos midiáticos do quadro televisivo “Medida Certa” em sua primeira edição e formato, discutindo os possíveis mecanismos de normalização referentes ao corpo ali presentes. Analisam-se os discursos dos 12 episódios da primeira temporada do quadro, bem como o livro resultante desta, a partir dos pressupostos destacados por Fischer (2012), com base nos elementos de análise de discurso na perspectiva foucaultiana. Percebem-se as estratégias de linguagem midiática e a presença de mecanismos normalizadores referentes ao corpo, com certo caráter prescritivo relacionado ao discurso científico biológico, vinculado a parâmetros de saúde, caracterizando-se assim o quadro “Medida Certa” enquanto promotor de influência na conduta humana. 

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