Resumo
Os megaeventos esportivos são, em princípio, descritos como uma oportunidade para estimular e alavancar o esporte no país – uma janela de oportunidades para o desenvolvimento esportivo. Nesse sentido, inclui-se o esporte educacional, assegurando o direito da prática esportiva a todos os cidadãos, conforme promulga a Constituição Nacional de 1988. O objetivo desta tese é avaliar o legado da Copa do Mundo FIFA 2014 para o esporte educacional, na cidade de São Paulo, identificando, mapeando, analisando e classificando as políticas públicas, os programas e projetos esportivos desenvolvidos pela Secretaria Municipal de Esporte e Lazer do Município de São Paulo (SEME). A pesquisa empregou a abordagem qualitativa de estudo de caso, escolhendo o esporte educacional na cidade de São Paulo como objeto. Inicialmente, empreendeu-se revisão bibliográfica nas teorias sociológicas de Norbert Elias e de Pierre Bourdieu e seus nexos com a sociologia do esporte, nos estudos sobre legados dos megaeventos esportivos de Preuss e na teoria de Marx sobre a relação do esporte como mercadoria. Posteriormente, realizou-se análise documental, em busca de fontes primárias, debruçando-se sobre as Diretrizes e Leis Orçamentárias da Cidade e documentos da SEME para analisar os orçamentos, programas, projetos e eventos esportivos realizados pela SEME em São Paulo, das gestões dos prefeitos Kassab (2009-2012) e Haddad (2013-2016). Também, realizaram-se entrevistas qualitativas junto a nove funcionários e ex-funcionários da SEME na busca de informações que demonstram as políticas de esporte das duas gestões e o legado da realização da Copa do Mundo FIFA – Brasil 2014 no esporte da cidade. Constatou-se que, na gestão Haddad, ocorreu redução dos investimentos em esporte, diminuição das atividades e no número de atendimentos nos projetos e programas da SEME, encolhimento do quadro de funcionários e equipamentos e estrutura esportivas públicas desgastadas e sem ampliação. Dessa forma, o legado positivo da Copa FIFA para o esporte na cidade de São Paulo somente foi a construção da nova Arena, uma vez que o impacto no esporte educacional foi negativo, com a decadência do Programa Clube Escola. Os grandes vencedores do legado são os atores que detêm mais poder no Campo Esportivo do município, ou seja, os políticos, empresários, gestores do espetáculo, que defendem o esporte de alto rendimento ou mercadoria – na verdade, o acúmulo e ampliação de capital. A SEME definha, o esporte educacional e de lazer na maior cidade-sede do país agoniza, demonstrando que a realização de megaeventos esportivos não acarreta, obrigatoriamente e diretamente, legados para o esporte