Corpo, infância e relações étnico-raciais na educação infantil
Por Camila Alves Negrão (Autor), Fernanda Rossi (Autor).
Em IX Colóquio de Pesquisa Qualitativa em Motricidade Humana
Resumo
Este trabalho apresenta análise de dados parciais de uma pesquisa de Mestrado que visa contribuir com reflexões sobre práticas pedagógicas na Educação Infantil que dialoguem com conhecimentos e experiências corporais, contemplando questões educacionais sobre as relações étnico-raciais. Diante disso, o objetivo deste trabalho consiste em analisar a construção de significados sobre o corpo (próprio e do outro) pelas crianças, mediada pela relação entre a experiência do brincar e a educação para as relações étnico-raciais no contexto da Educação Infantil. A metodologia foi fundamentada na pesquisa qualitativa participante, e os instrumentos de coleta de dados foram a observação de campo e rodas de conversas. As participantes da pesquisa foram 19 crianças, entre quatro e cinco anos, de uma escola de Educação Infantil pública de um munícipio do interior paulista, Brasil. Os temas trabalhados no processo educativo foram: Meu corpo sou eu; Meu corpo e o outro; e Brincando e jogando: uma viagem pela cultura de matriz afro-brasileira, sendo desenvolvidos por meio das atividades: “Caixa surpresa: sou assim”: recurso da caixa surpresa com espelho dentro, indicando que as crianças encontrem a criança mais importante da sala (ela mesma refletida) e finalização com autorretrato; “Modelando”: leitura do livro “A pele que eu tenho”, de bell hooks e construção de escultura de si próprio; “Tons de afeto e de empatia”: leitura do livro “A cor de Caroline”, de Alexandre Rampazo e elaboração de painel coletivo sobre as diferenças; e, para finalizar, “A magia da contação de história”: leitura do livro “A menina bonita do laço de fita”, de Ana Maria Machado, com fantoches e apresentação de música. Como resultados, constatamos que as crianças se reconheceram e se perceberam mediante a observação de suas características corporais, sendo que elas sentiram-se valorizadas e reconhecidas enquanto indivíduo. Ao terem contato com referências positivas da corporeidade e cultura negra na prática de leitura as crianças reconheceram que as pessoas são diferentes e destacaram a presença de personagens negras nas histórias, relacionando com suas próprias características, reconhecendo sua cor de pele, bem como a diversidade de peles entre os colegas.