Resumo

Este trabalho apresenta análise de dados parciais de uma pesquisa de Mestrado que visa contribuir com reflexões sobre práticas pedagógicas na Educação Infantil que dialoguem com conhecimentos e experiências corporais, contemplando questões educacionais sobre as relações étnico-raciais. Diante disso, o objetivo deste trabalho consiste em analisar a construção de significados sobre o corpo (próprio e do outro) pelas crianças, mediada pela relação entre a experiência do brincar e a educação para as relações étnico-raciais no contexto da Educação Infantil. A metodologia foi fundamentada na pesquisa qualitativa participante, e os instrumentos de coleta de dados foram a observação de campo e rodas de conversas. As participantes da pesquisa foram 19 crianças, entre quatro e cinco anos, de uma escola de Educação Infantil pública de um munícipio do interior paulista, Brasil. Os temas trabalhados no processo educativo foram: Meu corpo sou eu; Meu corpo e o outro; e Brincando e jogando: uma viagem pela cultura de matriz afro-brasileira, sendo desenvolvidos por meio das atividades: “Caixa surpresa: sou assim”: recurso da caixa surpresa com espelho dentro, indicando que as crianças encontrem a criança mais importante da sala (ela mesma refletida) e finalização com autorretrato; “Modelando”: leitura do livro “A pele que eu tenho”, de bell hooks e construção de escultura de si próprio; “Tons de afeto e de empatia”: leitura do livro “A cor de Caroline”, de Alexandre Rampazo e elaboração de painel coletivo sobre as diferenças; e, para finalizar, “A magia da contação de história”: leitura do livro “A menina bonita do laço de fita”, de Ana Maria Machado, com fantoches e apresentação de música. Como resultados, constatamos que as crianças se reconheceram e se perceberam mediante a observação de suas características corporais, sendo que elas sentiram-se valorizadas e reconhecidas enquanto indivíduo. Ao terem contato com referências positivas da corporeidade e cultura negra na prática de leitura as crianças reconheceram que as pessoas são diferentes e destacaram a presença de personagens negras nas histórias, relacionando com suas próprias características, reconhecendo sua cor de pele, bem como a diversidade de peles entre os colegas.

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