Resumo

A partir de referenciais teórico-metodológicos das Ciências Humanas e Sociais, a dissertação objetivou investigar as eventuais relações entre o envelhecimento do professor de Educação Física e as suas concepções de corpo e de saúde na perspectiva de como podem nortear (ou orientar) a sua prática profissional e os possíveis cuidados de si. A partir da abordagem qualitativa, foram utilizadas, como instrumento de coleta de dados, entrevistas semiestruturadas realizadas com 32 professores graduados em Educação Física atuantes em diferentes âmbitos de trabalho, que possuíam entre 15 a 25 anos de carreira. Foram 19 homens e 13 mulheres na faixa etária entre quarenta e sessenta anos, residentes na cidade do Rio de Janeiro. A análise dos dados foi feita com base na análise de conteúdo. Os achados indicaram que, na dimensão profissional, ao longo do tempo, a prática docente em academia de ginástica deixou de estar voltada exclusivamente para a estética corporal, e começou a ser focada para diversas noções de saúde e de qualidade de vida. No âmbito escolar, o aspecto social se sobrepôs à discussão sobre saúde, pela mudança do perfil do aluno ao longo dos anos. Já na dimensão pessoal, a funcionalidade do corpo, a estabilidade financeira, o fato de não ter doenças e de se tornar senil foram os aspectos imbricados com a saúde que caracterizaram as preocupações do professor ao envelhecer. Os cuidados que o professor adota para um “envelhecer saudável” se restringiram, primordialmente, à realização de práticas corporais e à adoção de uma “alimentação equilibrada”. Apreender os significados atribuídos ao corpo e à saúde, pelo professor de Educação Física, na sua dimensão laboral e pessoal ao longo do tempo indica que tal profissional pode compreender de forma diversificada como atuar com os seus alunos e, também, com os seus próprios cuidados de si ao envelhecer. Mais do que pensar especificamente no professor de Educação Física, o presente trabalho pode colaborar para vislumbrar como outros profissionais de saúde e educadores constroem suas lógicas referentes ao corpo e à saúde em face do outro ou de si, ao longo do tempo. Portanto, é imperioso tratar o marcador social do envelhecimento de modo menos universal, pois cada grupo social e profissional possui determinadas experiências e crenças acerca da saúde e do corpo, com implicações eventualmente peculiares para o trabalho ou carreira.