Resumo

O objetivo desta pesquisa é investigar o crescimento, a atividade física, a performance e a ingestão alimentar em 277 crianças de 8 e 9 anos de idade, residentes em Terra Indígena, zona urbana e rural no município de Nova Laranjeiras, Paraná. Este estudo caracterizou-se por ser transversal e foram avaliados: peso, estatura, dobras cutâneas, diâmetros ósseos e circunferências; tipos e quantidade de atividades físicas; testes de performance: salto horizontal, shuttle run, sentar e alcançar, sentar e deitar; tipos de alimentos e ingestão energético protéica; renda domiciliar e escolaridade. Os procedimentos estatísticos foram freqüência e percentual, para os tipos de alimentos ingeridos e tipos de atividades realizadas e ANOVA e MANOVA com transformação em postos (ranks) para comparar as características antropométricas, testes de performance, quantidade de atividade física e ingestão energético-protéica em função do fator local. As crianças indígenas foram classificadas em dois grupos ( < -2 escore z) e (> - 2 escore z) de estatura para idade para realização dos procedimentos acima mencionados. Os resultados indicam que as crianças residentes nas zonas urbana e rural têm maior peso, estatura, diâmetros, circunferências e dobras cutâneas do que as residentes na Terra Indígena após serem controlados pela idade, quando controlados pela idade peso e estatura estas três últimas variáveis puderam explicar pouco as diferenças entre as crianças das três zonas, com exceção das meninas indígenas em que a área muscular do braço foi maior e a soma das dobras cutâneas foi menor quando comparadas com as demais meninas. Os resultados do escore z de peso, estatura e área gorda do braço foram maiores para as crianças das zonas urbana e rural, exceto na área muscular do braço para ambos os sexos. Os alimentos ingeridos pelas crianças da zona urbana e rural são mais diversificados e apresentam maior teor energético-protéico, contudo nas três regiões não atendem necessidades energéticas recomendadas. As atividades jogos e brincadeiras são variadas nas três regiões e as laborais realizadas em maior número na Terra Indígena, já iniciando o aprendizado daquelas atividades que farão na idade adulta. Nos testes de performance, quando controlados pela idade, peso e estatura as diferenças ocorrem apenas naqueles de flexibilidade, com melhores resultados para as crianças indígenas e no teste de sentar e deitar para os meninos das zonas urbana e rural. Existe uma tendência de maior quantidade de atividade física diária, medida pelo acelerômetro para as crianças indígenas. As possíveis influências dos fatores genéticos, associados ao estilo de vida podem ser fatores explicativos nas diferenças de crescimento encontradas nesta pesquisa. O contexto, com características rurais, em que as crianças vivem, parece estar influenciando os resultados dos testes de performance. Em se tratando de forma específica das crianças indígenas, verifica-se que aquelas com possível déficit de crescimento tendem a apresentar menores resultados nas características sócio-econômicas, de atividade física, de performance e ingestão nutricional, sendo apenas a ingestão energética estatisticamente significativa. As características do contexto sócio-cultural estudadas parecem ser menos favoráveis para as crianças com possível déficit de crescimento, contribuindo para um desenvolvimento menos favorável, quando comparadas com as demais crianças

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