Resumo

As condições da alta modernidade, caracterizada pela cultura de bens de consumo, com ênfase na velocidade e na busca do prazer imediato, refletem diretamente no estilo de vida dos indivíduos. Neste sentido, a sociedade passa a se preocupar com o estilo de vida adotado, principalmente pelos adolescentes, pois é justamente nesse ambiente que se constrói a sua identidade. Esses sujeitos apresentam uma propensão a assumir riscos durante a busca da identificação de sua função social, tanto dentro do grupo de amigos como da família. Nesse universo, a família é considerada um elemento chave no desenvolvimento ou prevenção dos comportamentose fatores de risco, uma vez que é a socializaçãoprimária natural e tem como função básica o apoio, segurança e proteção. Assim, o relacionamento dos adolescentes com a família, considerando suas novas composições, pode influenciar na vulnerabilidade dos mesmos. Diante disso, o presente estudo teve o objetivo de analisar a relação do cuidado parental e a adoção de comportamentos de risco à saúde (baixo nível de atividade física, exposição ao consumo de álcool, drogas ilícitas, tabagismo e o consumo ocasional de frutas e hortaliças) dos adolescentes estudantes de Pernambuco. Trata-se de uma pesquisa epidemiológica transversal de base escolar e abrangência Estadual, apresentando uma abordagem quantitativa. A amostra compreendeu 6.264 estudantes matriculados na Rede Pública Estadual de ensino médio do Estado de Pernambuco, selecionados mediante amostragem por conglomerados em dois estágios. Os dados foram obtidos por meio do instrumento Global School-Based Health Survey. A análise dos dados foi realizada por meio do programa SPSS 10.0 para Windows, utilizando os procedimentos de estatística descritiva e inferencial. O presente trabalho foi conduzido mediante a elaboração de um artigo científico para compor os resultados. O artigo teve como objetivo verificar a associação entre a participação dos pais na vida dos filhos e a adoção de comportamentos de risco à saúde em adolescentes. Assim, as variáveis dependentes analisadas foram: baixo nível de atividade física, exposição ao consumo de bebida alcoólica, consumo de drogas, tabagismo e consumo ocasional de frutas/hortaliças; e a independente foi relacionada à participação dos pais na vida dos filhos. Na análise dos dados, recorreu-se a o teste de Qui-quadrado e a Regressão Logística Binária. Os resultados revelaram que as variáveis relacionadas à participação dos pais na vida dos filhos (pais que verificaram as tarefas escolares do filho, os que entenderam os seus problemas e preocupações, e os que sabiam o que o filho estava fazendo no tempo livre) foram positivamente associadas ao consumo ocasional de frutas e hortaliças, consumo de bebidas alcoólicas, tabagismo e consumo de drogas. Os adolescentes cujos pais algumas vezes, na maioria das vezes ou sempre verificaram as tarefas escolares do filho, entenderam os seus problemas e preocupações, e sabiam o que o estava fazendo no tempo livre apresentam menor chance de exposição aos desfechos analisados, comparados aos que os pais nunca ou raramente participam desses momentos. No que diz respeito à variável relacionada à participação dos pais na vida dos filhos, esta se apresentou mais prevalente entre os adolescentes pertencentes a uma família nuclear. Neste sentido, os resultados desse estudo sugerem que fatores relacionados à configuração familiar e os comportamentos de cuidados parentais podem atuar como determinantes da exposição aos comportamentos de risco à saúde na adolescência.

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