Resumo
Essa Tese é vinculada à linha de pesquisa “Processos Formativos, Infância e Juventude”, do Programa de Pós-Graduação em Educação, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Campus de Presidente Prudente/SP. O tema abordado relaciona-se à produção das culturas lúdicas infantis nos contextos escolares mesmo ocorrendo muitas formas de cerceamento dessas, com enfoque no jogo e na brincadeira. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de caráter etnográfico, que usou de fundamentos da sociologia da infância para inserir as crianças como principais sujeitos durante esse processo acadêmico. Os procedimentos metodológicos usados para a coleta de dados tiveram a participação direta das crianças, isso significa que foram realizados com e pelas crianças, como filmagens em vídeo, registros em diários de campo individual e coletivo, entrevistas coletivas, produção de imagens (fotos/filmagens), o diário coletivo e os textos ilustrados. Como objetivo geral, essa pesquisa buscou a observar, descrever e interpretar as experiências lúdicas em diversos ambientes dentro de uma escola pública, na cidade de Presidente Prudente/SP, e que se mostrassem relevantes para identificar o processo de construção da cultura lúdica das crianças entre a proibição e a criação. Sabemos que muitas vezes ocorre uma disciplinarização das crianças por meio do corpo e do não reconhecimento das culturas lúdicas infantis nas escolas, além de a relação de poder entre adultos e crianças contribuírem para exista uma hierarquia que contempla muitos mais os aspectos relacionados a conteúdos “mais importantes”, ocasionando, assim, uma desvalorização da ludicidade por parte do adulto. As crianças, porém, elencam os jogos e as brincadeiras como elementos importantes dentro da escola, pois além de auxiliarem no processo escolar, contribui para com aspectos relacionais e no processo de produção cultural da infância, o que implica enxergar as práticas lúdicas escolares como um direito das crianças, pois muitas delas veem na escola um local privilegiado para que tais experiências aconteçam e elas reivindicam tais ações. É preciso, porém, mudar alguns paradigmas, como o da criança como um “vir a ser” e o de que a ludicidade atrapalha os processos educativos, por supor um “descontrole” por parte de muitos professores. As crianças nos indicaram que são muitas as ações de proibições das culturas lúdicas dentro da escola, mas também nos mostraram que o contrário é possível por meio da mediação do professor, por exemplo. Podemos concluir que, as razões para que existam tantas proibições das manifestações culturais infantis nas escolas, podem ter origens históricas e até ideológicas, mas isso não é sinônimo para que deixemos as coisas como estão. As crianças pedem que valorizemos suas opiniões e que possamos incluí-las nos processos educacionais de maneira que elas possam participar da Educação como um todo. Para isso é preciso muitas mudanças a começar pela concepção de criança e infância que podem romper com a visão adultocêntrica e passar a olhar as ações infantis com olhos de criança, pois somente assim será possível vislumbrar a beleza das culturas infantis.