Resumo

Este estudo aborda a circulação e apropriação do que no Brasil foi denominado Método Natural Austríaco, no período entre as décadas de 1950 e 1970, priorizando o contexto da formação de professores de Educação Física. Na busca pelos vestígios desse passado, alguns acervos e bibliotecas foram acessados, entre eles: a Biblioteca do Institut für Sportwissenchaft de Graz, na Áustria, o Centro de Memória da Educação Física, do Esporte e do Lazer, em Belo Horizonte, o Centro de Memória Inezil Penna Marinho, no Rio de Janeiro, o Acervo do Professor Germano Bayer, em Curitiba, o Centro de Memoria da Educación Física del Instituto Superior de Educación Física, em Montevidéu, entre outros. Por meio da consulta a esses espaços, foi possível reunir um conjunto diverso de fontes, composto por livros, manuais, planos de ensino, reportagens de jornais, textos em periódicos especializados, fotografias, entre outros. Nesse exercício investigativo, tornou-se importante conhecer os sujeitos e as estratégias utilizadas para fomentar a circulação do Método no Brasil, como também compreender elementos do contexto brasileiro no período mencionado. Importou, ainda, construir aproximações com as condições socioculturais que possibilitaram que a Natürliche Turnen fosse forjada na Áustria no período entre guerras. Os professores Karl Gaulhofer e Margarete Streicher foram seus promotores e compartilharam uma dinâmica sociocultural que na Europa almejava mudanças nas estruturas sociais. Nessa direção, projetaram uma Educação Física que tinha como base principal os “movimentos naturais” das crianças, sendo importante, então, respeitar seu desenvolvimento biológico, se reaproximar da natureza, extirpar a especialização precoce e as finalidades estritamente militares. A proposta austríaca foi apresentada ao professorado brasileiro em 1957, sendo anunciada por Gerhard Schmidt, que, naquele ano, ainda era estudante de Educação Física e História Natural, na Universidade de Viena. Foi recepcionada em nosso país no mesmo momento em que variadas práticas e perspectivas metodológicas para a Educação Física circulavam, tanto em cursos intensivos de curta duração quanto em cursos superiores de formação. Muitos sujeitos participaram da sua dinâmica de circulação e apropriação, produzindo livros, manuais, artigos em periódicos especializados, ministrando palestras, cursos e aulas. Práticas que possibilitaram a difusão desse Método no Brasil até o final da década de 1970. Nesse movimento, que comportou a produção de novos sentidos e novos objetivos, essa proposta pedagógica foi se instituindo e se firmando em nosso país com a denominação de Método Natural Austríaco.

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