Resumo

Introdução: O futebol de mulheres no Brasil está em uma onda de crescimento e visibilidade na mídia. No entanto, no que tange a inclusão de treinadoras no futebol, ainda há um longo caminho a ser percorrido. Objetivo: Descrever a percepção de possíveis barreiras e suportes vivenciados por mulheres que participaram de cursos de formação para treinadoras de futebol oferecidos pela CBF Academy. Métodos: Conduzimos entrevistas semiestruturadas com 6 treinadoras que realizaram cursos para atuar como treinadoras. Falas e relatos que surgiram em comum nas entrevistas com as treinadoras foram destacados e definidos como temas emergentes para a pesquisa. Resultados: Os cursos preparatórios para o futebol ainda são majoritariamente ocupados por homens, o que pode gerar em mulheres a sensação de não pertencimento, necessidade de provar o seu conhecimento e uma sensação de exclusão, até que conquistem seu espaço entre os homens. As mulheres enfatizaram sua constante busca por qualificação para trabalhar como treinadoras por sentirem que necessitavam de alto conhecimento para serem ouvidas e levadas a sério. Além disso, estudos demonstram que homens tendem a contratar homens, devido ao network estabelecido entre eles, mesmo que uma mulher seja mais capacitada e experiente (Puwar, 2004), mantendo assim estruturas patriarcais dentro do esporte. Conclusões: Apesar das ações e políticas de inclusão para garantir que mulheres adentrem o mundo do futebol como treinadoras, o ambiente de formação ainda é marcado por representações sociais e papéis de gênero discriminatórios, que geram uma opressão velada e sutil, corroborando para o baixo número de treinadoras de futebol. Esses resultados demonstram a importância de fiscalizar ambientes de formação e certificar sua efetividade em termos de inclusão. 

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