Resumo

Sincronizar uma resposta motora com um evento sensorial constitui-se em um problema freqüentemente encontrado pelo ser humano. A performance coordenada de uma criança rebatendo uma bola, depende da iniciação da seqüência de ações no momento correto e da realização dos movimentos com precisão temporal. Esta capacidade é denominada timing antecipatório. O objetivo do presente estudo foi investigar o desenvolvimento e a aprendizagem de timing antecipatório em crianças.Foram investigadas as variáveis idade e complexidade da tarefa. Neste sentido foram formuladas as hipóteses: (1) o desempenho em tarefas de timing antecipatório é superior na faixa etária maior, na tarefa simples e na complexa; (2) há diferença na aprendizagem das duas faixas etárias; (3) há variação nas estratégias de organização temporal em função da idade na tarefa complexa e (4) não há correlação significante entre o desempenho na tarefa complexa e na tarefa simples nas duas faixas etárias. Participaram deste estudo 28 escolares de São Paulo divididos em dois grupos de 14 cada. O grupo (G8) de oito anos de idade e (G12) de doze anos de idade. Foram realizados três experimentos. Nos dois primeiros, foi utilizado um aparelho construído para esta investigação que permitiu a realização de uma tarefa complexa. No experimento 3 foi utilizado o Bassin Anticipation Timer que possibilitou a realização de uma tarefa simples. No experimento 1 foram executadas 6 tentativas. No experimento 2 foram executadas 24 tentativas sendo que as 6 tentativas executadas no experimento 1 foram consideradas para efeito de análise, como sendo as 6 primeiras de um total de 30 tentativas. Neste experimento sobre aprendizagem duas fases foram consideradas: aquisição (24 tentativas) e transferência (6 tentativas). O experimento 3 teve seis tentativas. Os resultados do experimento 1 mostraram superioridade do G12, evidenciando efeito de desenvolvimento no timing antecipatório, decorrente das mudanças ocorridas no processamento de informações durante este período, em termos de diferenças nas estratégias e processos de controle. A organização temporal da resposta motora foi analisada no experimento 2 para verificar as estratégias de solução do problema motor. Os resultados indicaram que os dois grupos utilizaram estratégias semelhantes, contudo o G8 tendeu a responder precipitadamente ao movimento da bola. Pela variação das estratégias demonstrada, concluiu-se que o G12 adquiriu, durante a fase de aprendizagem, uma estrutura de habilidade mais flexível. Esta característica teve implicações importantes na transferência, pois ao se deparar com uma nova tarefa o G12, ao contrário do G8, apresentou pequenas modificações na estrutura inicial da habilidade tendo sua adaptação facilitada. Este fato demonstra maior disponibilidade no processamento de informações, pois foi possível explorar as diferentes formas de organizar temporalmente a resposta.Foi aplicado um teste de correlação entre o desempenho no experimento 1 e no experimento 3. A baixa correlação encontrada revelou que a complexidade da tarefa, é um fator importante a ser considerado e que se faz necessário estudar respostas motoras mais complexas para que os resultados obtidos possam ser generalizados e aplicados a situações mais complexas encontradas pelo professor de Educação Física.

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