“Deve ser por conta da deficiência”: percepções de estudantes com deficiência do curso de licenciatura em educação física da UFRJ
Por Maria Luíza Mendes Santos (Autor), Karine Melo Aquino de Oliveira (Autor), Michele Pereira de Souza da Fonseca (Autor).
Resumo
A Lei n⁰ 13.409 de 2016 (BRASIL, 2016) reserva vagas para pessoas com deficiência no ensino superior nas instituições federais de ensino. Seis anos após a aprovação da Lei, nos questionamos sobre as condições de permanência com qualidade dentro da universidade pública. Nesse sentido, o presente resumo tem como objetivo refletir sobre os dados acerca do acesso e permanência de estudantes com deficiência do curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), bem como suas percepções acerca das experiências vivenciadas na universidade e nas disciplinas ao longo da sua formação. Para isso nos embasamos teoricamente em um conceito de inclusão que é amplo, processual, dialético e infindável (SAWAIA, 2017; BOOTH E AINSCOW, 2011; FONSECA, SANTOS E MELO, 2009) que considera os diversos marcadores sociais da diferença. Assim como em um conceito de formação na e para perspectiva inclusiva (FONSECA, 2021) que considera e valoriza as singularidades dos/das estudantes na própria graduação e não só para as diferenças que eles encontrem em sua prática docente. Esse mapeamento se deu com estudantes que ingressaram a partir do segundo semestre de 2017 até julho de 2022. Os dados presentes são resultados de buscas em nossos levantamentos internos, dados da Diretoria de Acessibilidade da UFRJ e da Coordenação do curso de Licenciatura em Educação Física. A partir destes, foi possível identificar o acesso de 19 estudantes com deficiência no curso de Licenciatura em Educação Física; desses estudantes, apenas dois se formaram dentro do período de pesquisa, quatro não estão cursando nenhuma disciplina em 2022.1 e seis ainda não foi possível efetivar contato. Os demais responderam um questionário que buscava identificar as primeiras percepções sobre as experiências no curso. As respostas dos/as estudantes apontaram atravessamentos que revelam barreiras estruturais da universidade, bem como o distanciamento para com os/as professores/as que reforçam estereótipos capacitistas.