Resumo

O objetivo do presente estudo foi analisar o somatotipo dos atletas participantes do Troféu Brasil de Atletismo - 1988, em relação à prova atlética disputada e ao desempenho obtido, procurando estabelecer relações entre o somatotipo e o desempenho nas diversas provas do atletismo. Para tanto, consideraram-se as seguintes questões: (a) validade da técnica de agrupamento das várias provas atléticas em especialidades, a partir de características funcionais, bioquímicas, fatores de desempenho predominantes e habilidades específicas; (b) diferenças de somatotipo entre medalhistas e não medalhistas, em cada prova; e (c) correlação entre somatotipo e desempenho, também em cada prova do atletismo. A amostra foi constituída por 171 atletas participantes do referido evento, com idade entre 16 e 44 anos, distribuídos em 20 provas. Para determinação do somatotipo foi utilizado o método antropométrico de Heath-Carter, calculado a partir das equações de regressão estabelecidas por GOMES e ARAÚJO (1979). Foi obtido o somatotipo 1.79-4.32-2.90, para a amostra total, demonstrando que estes atletas foram menos mesomorfos, menos endomorfos e mais ectomorfos que atletas olímpicos e brasileiros desta modalidade estudados por outros autores. Foi constatado que os grupos de provas estabelecidos em estudos anteriores não possibilitam uma perfeita integração das provas que possuem somatotipos semelhantes, sendo então proposto, com base nos resultados obtidos, uma forma alternativa de agrupamento das provas. Diferenças significativas de somatotipo entre medalhistas e não medalhistas foram identificadas apenas no lançamento do martelo, onde os primeiros foram mais endomorfos e mais mesomorfos. Isto sugeriu que, nesta prova, o desempenho é favorecido por uma maior massa corporal. De uma forma geral, medalhistas e não medalhistas constituíram um grupo homogêneo, indicando que as diferenças de desempenho foram devidas, principalmente, aos demais fatores de desempenho. O estudo correlacional demonstrou que, provavelmente, dentro de um grupo de atletas que disputam uma prova, aquele indivíduo que alcança o melhor resultado apresenta o somatotipo mais adequado. Isto, entretanto, ocorreu mais freqüentemente entre as provas que exigem um maior nível de força e técnica, do que entre as provas que requerem velocidade ou resistência aeróbica. Finalmente, foi verificado que a endomorfia e a mesomorfia estavam associadas ao desempenho nas provas de lançamentos. Por outro lado, a endomorfia constituiu fator negativo na maioria dos eventos que envolvem velocidade, deslocamento e projeção do corpo no espaço. Já a ectomorfia estava relacionada ao desempenho de forma negativa nas provas de lançamentos, enquanto nas demais não estava relacionada ou apresentou uma fraca correlação positiva.

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