Diferentes Olhares Sobre as Dicotomias de Gênero - Reflexões a Partir do Jornalismo Esportivo
Por Maria Thereza Oliveira Souza (Autor).
Em XV Congresso de História do Esporte, Lazer e Educação Física - CHELEF
Resumo
A partir das décadas de 1960 e 1970, as discussões relacionadas a gênero e direitos das mulheres tem atuado com força e repercussão nos mais diversos espaços, principalmente acadêmicos. As primeiras reivindicações dessa segunda onda feminista, como foi chamada, defendiam a igualdade entre os sexos, para que as mulheres pudessem entrar no “mundo dos homens”. A década de 1980 teve um debate centralizado na igualdade versus a diferença (ARAÚJO, 2005). Já em 1990 multiplicaram-se aqueles que alertaram para o caráter branco e de elite dos primeiros escritos, tomando como necessidade uma interseccionalidade de raça, de etnia e de classe social com a categoria de gênero (NARVAZ; KOLLER, 2006). Tais diferenciações e os próprios embates atuais impossibilitam que o feminismo seja tomado como algo homogêneo ou que a conceituação de gênero seja vista como consensual. O presente estudo buscou então problematizar e demonstrar diferentes construções teóricas sobre os enquadramentos e relações de gênero, principalmente relacionadas ao dualismo objetividade/subjetividade e a uma suposta “essência feminina”, a partir de uma analogia com posicionamentos distintos de duas mulheres inseridas em um mesmo contexto do mercado de trabalho e em posições símiles na citada intersseccionalidade – Janaína Castilho e Grabriela Ribeiro – jornalistas esportivas, brancas, heterossexuais, esteticamente bonitas e de classe média. Utilizou-se, para tanto, a metodologia de História Oral. Enquanto uma, a partir de posicionamento de viés feminista, narrou acontecimentos e se colocou até com certa irritação em relação a aspectos de machismo ou de enquadramentos de gênero (no intuito de elucidar questões mais amplas e sociais), outra tratou-os com mais naturalidade, a ponto de reforçá-los em alguns momentos – o que, de forma alguma, demonstra algum tipo de falta de senso crítico. Concorda-se com Claudia de Lima Costa (2002, p. 86), que “[...] ser mulher não nos transforma necessariamente em ‘irmãs na luta’” e, também, lembra-se do alerta de Sandra Harding (1993) sobre a inexistência de mulheres ou homens genéricos.
Referências
ARAÚJO, M. F. Diferença e Igualdade nas relações de gênero: revisitando o debate. Psicologia Clínica, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 41-52, 2003.
COSTA, C. L. (2002). O sujeito no feminismo: revisitando os debates. Cadernos Pagu, n. 19, p. 59-90, 2002.
HARDING, S. A instabilidade das categorias analíticas na teoria feminista. Estudos feministas, v. 1. n. 1. p. 7-31, 1993.
NARVAZ, M. G.; KOLLER, S. H. Metodologias feministas e estudos de gênero – articulando pesquisa, clínica e política. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 11, n. 3, p. 647-654, set./dez. 2006.
Fonte de financiamento: Fundação Araucária.