Resumo

O esporte foi criado como uma celebração. Como natureza de um jogo agonístico (agon), o esporte impulsiona sua práxis e significado dentro do campo da competição, mesmo sem perder sua ludicidade. Se a lógica da competição esportiva é a busca pelo primeiro lugar, pela medalha de ouro, pelo topo do pódio, a lógica da celebração esportiva destaca a humanidade que emerge dessa natureza agonística, essencial para garantir que competição e celebração permaneçam vinculadas. Este artigo tem como objetivo analisar os eventos da sétima etapa do Tour de France de 2024, quando o atleta Julien Bernard quebrou o ritual competitivo para celebrar sua passagem pela vila onde mora e foi multado pelos organizadores da corrida por suas ações. Mais do que apenas quebrar um protocolo de competição, Bernard revela o significado dionisíaco do esporte, cada vez mais obscurecido pela busca do ganho material proporcionado por um espetáculo que perdeu sua ressonância mítica. A natureza analítica deste estudo segue a tradição mitohermenêutica dos estudos do imaginário simbólico.

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