Distanciamento Social e Tempo Livre Paradoxos Vivenciados Por Estudantes da Universidade Estadual de Minas Gerais no âmbito do Lazer

A partir da oficialização do decreto sobre a pandemia do novo Coronavírus divulgado pela OMS em março/2020, esta pesquisa vislumbrou analisar as primeiras consequências do distanciamento social no dia-a-dia de discentes da Universidade Estadual de Minas Gerias (UEMG), através de três grandes eixos: moradia; trabalho/renda e saúde/bem-estar. Para tanto, um questionário, tipo survey, foi elaborado com 42 questões. Percebeu-se uma precariedade crescente quanto à qualidade de vida e acesso aos aparatos eletrônicos, devido à crise socioeconômica engendrada pela pandemia, dos discentes e seus familiares. Foi perceptível uma nova conjuntura em termos espaciais e temporais na vida dos discentes, afetando o tempo de trabalho, o tempo livre e os lazeres. Conclui-se que, caso não haja uma ação efetiva do poder público, a desigualdade social do país tende a estender-se de súbito, com impactos agudos na dimensão do lazer.

Referências

AGAMBEM, G. Estado de Exceção: Homo Sacer, II, I. 2. ed, São Paulo: Boitempo, 2004.

ALVES, C. O Lazer no Programa Escola da Família: Análise do Currículo e da Ação dos Educadores Universitários. Licere. 20(2), 484-485, 2017. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/licere/article/view/1661.

BAHIA, M. C.; BRITO, R. de. O lazer do brasileiro: como é vivenciado o tempo. In: E. A. STOPPA e ISAYAMA, H. F. (org.) Lazer no Brasil: representações e concretizações das vivências cotidianas (p. 95-110). Campinas: Autores Associados, 2017.

BAUMAN, Z. Modernidade Líquida. Zahar: Rio de Janeiro. Ed. 1, 2001.

______. Vida para o Consumo. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

BIZZIO, M. R. A emergência dos condomínios residenciais fechados, globalização econômica e as transformações do espaço urbano. Geografia Opportuno Tempore, 30-42, 2019.

BOURDIEU, P. A Distinção: crítica social do julgamento. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Zouk, 2006.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado, 1988.

CAMILLO, F. C. Ações afirmativas para negros: o ciclo de construção das cotas raciais. Monografia de conclusão de curso de especialização em Gestão Pública (Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS). Porto Alegre, 61 p. 2019.

COULANGES, F. D. A Cidade Antiga. São Paulo: Martin Claret, 2001.

CRUZ JUNIOR, Gilson; CRUZ, Dulce. Quando a brincadeira vira coisa séria: dos mitos e (in) verdades sobre as relações entre jogos digitais, cultura e consume. Revista Brasileira de Ciências do Esporte: Versão Digital. v. 38, n. 2, p. 179 – 185, 2016.

DALTRO, M.; SEGUNDO, J. d. A pandemia que nos mostra quem somos? Revista Psicologia, Diversidade e Saúde, 5-8, 2020.

ELIAS, N. SCOTSON, J. Os estabelecidos e os outsiders. Zahar: Rio de Janeiro, 2000.

FIOCRUZ. Desigualdade bate recorde no Brasil, mostra estudo da FGV. 2019. Disponível em: Fiocruz: http://cee.fiocruz.br/?q=Desigualdade-bate-recorde-no-Brasil. Acesso em: 12 jun. de 2020.

FROIS, R. Fala Juventude: a relação dos jovens de bairros populares com os eventos e equipamentos de esporte, lazer e cultura no espaço urbano da cidade de Belo Horizonte. Dissertação de Mestrado PPGIEL (UFMG), 2013.

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS (FGV). (15 de Maio de 2020). Monitor do PIB. Disponível em: http://portalibre.fgv.br/estudos-e-pesquisas/indices-de-precos/monitor-do-pib. Acesso em: 10 jun. de 2020.

GAZETA DO POVO. Os super-ricos do Brasil ficaram R$ 177 bilhões mais ricos na pandemia, 2020. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/economia/breves/super-ricos-brasil-mais-ricos-pandemia/. Acesso em: 29 de jul. 2020.

GOMES, C. Lazer: necessidade humana e dimensão da cultura. Revista Brasileira de Estudos do lazer: Belo Horizonte. v. 1, n. 1, p. 3 – 20, jan. / abr. 2014.

GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS. (15 de Março de 2020). Decreto Nº 47886 DE 15/03/2020. Disponível em: Legisweb: https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=391035. Acesso em: 10 jun. de 2020.

HAN, B. C. Sociedade do Cansaço. Petrópolis: Vozes, 2018.

HARVEY, D. Brève histoire du néo-libéralisme. Paris: Les Prairies Ordinaires, 2014.

HOWLETT, M. RAMESH, M. Studying public policy: policy cycles and policy subsystems. Oxford University Press: Toronto. 1995.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo 2010. Disponível em: https://censo2010.ibge.gov.br. Acesso em: 17 ago. 2020.

ISAYAMA, H. F.; STOPPA, E. Lazer no Brasil: representações e concretizações das vivências cotidianas. Autores Associados: Campinas, 2017.

______. SILVA, M. de S. O Grupo de Pesquisa Oricolé e os estudos sobre formação e atuação profissional em Lazer. In: UVINHA, R. R. Lazer no Brasil: grupos de pesquisa e associações temáticas. São Paulo: Edições SESC, 2018.

JESUS, R. E. Autodeclaração e heteroidentificação racial no contexto das políticas de cotas: quem quer (pode) ser negro no Brasil? p. 125 – 142, 2018. In: SANTOS, J.; COLEN, N.; JESUS, R. Duas décadas de políticas afirmativas na UFMG: debates, implementação e acompanhamento. LPP / UERJ: Rio de Janeiro, 2018.

JOHNSTON, R. O que é, afinal, Estudos Culturais? 5. ed. Autêntica Editora: Belo Horizonte. 2014.

LAVILLE, C.; DIONNE, J. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Belo Horizonte: UFMG: Artmed, 1999.

MARCELLINO, N. Estudos do lazer: uma introdução. Autores Associados: Campinas, 1996.

MASCARENHAS, F. Entre o ócio e o negócio: teses acerca da anatomia do lazer. Tese de doutorado em Educação Física. Universidade de Campinas: Campinas, 2005.

MAY, T. Pesquisa Social: questões, métodos e processos. Porto Alegre: Artmed, 2004.

______; WILLIANS, M. Surveys sociais: do desenho à análise. In: MAY, T. Pesquisa Social: questões, métodos e processos. Porto Alegre: Artmed, 2004. p. 109 – 143.

MENDONÇA, H. Abismo social separa negros e brancos no Brasil desde o parto. 2019. Disponível em: El País: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/11/19/politica/1574195977_206027.html. Acesso em: 08 jun. de 2020.

PEDRÃO, C. C.; UVINHA, R. R. O lazer do brasileiro: discussão dos dados coletados em escolaridade, renda, classes sociais e cor/raça. In: ISAYAMA, H. F.; STOPPA, E. Lazer no Brasil: representações e concretizações das vivências cotidianas. Autores Associados: Campinas, 2017.

ROCHA, P. A pandemia da inatividade física: recomendações de ação para a saúde pública. Revista Factores de Risco: Versão Digital. n. 29, p. 30 – 36, 2013.

SILVEIRA, G.; FORTES, R. Letramento Digital: entre a apropriação e a proibição das práticas digitais de lazer na formação de adolescents. In: GOMES, C.; DEBORTOLI. J. A.; SILVA, L. Lazer, Práticas Sociais e Mediação Cultural. Autores Associados: Campinas, p. 55 – 73, 2019.

SILVESTRE, B.; AMARAL, S. As emendas constitucionais e o (não) lugar do direito ao lazer. IN: ISAYAMA, H.; SILVA, L. A Constituição Brasileira de 1988 e as políticas públicas de esporte e lazer: produções de Programas de Pós-Graduação. Autores Associados: Campinas, 2019. p. 31 – 50.

STOPPA, E. A.; ISAYAMA, H. F. Lazer no Brasil: representações e concretizações das vivências cotidianas. Campinas: Autores Associados, 2017.

WHO. Coronavirus disease (COVID-19) pandemic. 2020. Disponível em: World Health Organization: https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus2019?gclid=Cj0KCQjww_f2BRC.ARIsAP3zarGKVOyMSa1jr_wx9f18EdZINFKYFASOALKUX0WFXVZqBqaD3nWFwFwaAhtdEALw_wcB. Acesso em: 07 jun. de 2020.

PDF

Publicado
2020-09-30
Como Citar
Castilho, C. T., Ribeiro, S. P., & Ungheri, B. O. (2020). Distanciamento Social e Tempo Livre. LICERE - Revista Do Programa De Pós-graduação Interdisciplinar Em Estudos Do Lazer, 23(3), 93-125. https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.25216
Edição
v. 23 n. 3 (2020): setembro
Seção
Artigos Originais

Copyright (c) 2020 LICERE - Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer

[Creative Commons License]
This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Acessar