Resumo

No presente texto buscamos fazer uma breve síntese do livro de mesmo título, organizado por nós e que busca compilar um pouco dos nove anos de estudos, pesquisas e debates levados a cabo ao longo da breve história do ProFut (Grupo de Estudos e Pesquisas dos Aspectos Pedagógicos e Sociais do Futebol), sediado na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), no Brasil. No decorrer dessa breve história, o ProFut estabeleceu relações diversas com uma rede de colaboradores/as que conta com futebolistas, acadêmicos/as, jornalistas, estudiosos/as, pesquisadores/as, praticantes, militantes, gestores/as de programas e movimentos e outros/as agentes dos futebóis. As práticas sociais e os processos educativos dialógicos emergentes desses encontros, alicerçados nas intersubjetividades nos fizeram reconhecer novos contornos antes ofuscados pela ditadura do futebol moderno e hegemônico franqueado pela FIFA e suas subsidiárias. É neste sentido que assumimos como título do livro a transição da matriz hegemônica do futebol para a exterioridade e a transversalidade dos futebóis que se assentam no paradigma da póscolonialidade, da interculturalidade e da transmodernidade propostos pelo filósofo argentino Enrique Dussel. São os futebóis da periferia do sistema-mundo que não ignoram a modernidade, tampouco se satisfazem com a pós-modernidade, nutrindo-se de um diálogo intercultural de matrizes marginalizadas, como o futebol de mulheres, o futebol de pessoas LGBTQIA+, o futebol de pessoas migrantes e refugiadas, o futebol de negros e negras, o futebol de pessoas com deficiência etc. e, desta forma, incorporando e superando o futebol pelos futebóis. O livro está estruturado em três seções que justificam o título na medida em que percorrem um itinerário narrativo errante, mas em alguma medida articulado a uma ideia prévia dos organizadores. O título, “Do futebol moderno aos futebóis transmodernos”, reflete nossa intencionalidade de partir do futebol moderno e percorrer as periferias deste, afirmando sua exterioridade a partir dos futebóis da cultura popular que se nutrem daquela matriz hegemônica e a superam anunciando a emergência dos futebóis transmodernos. Com relação ao subtítulo, “a utopia da diversidade revolucionária” expressa a perspectiva freireana com a qual nos orientamos para pensar a organização do livro no sentido de esperançar a superação dos operadores de opressão do futebol moderno tais como a misoginia, o racismo, o elitismo, o patriarcado, o capitalismo, o capacitismo, a LGBTQIA+fobia etc. Partindo de categorias teóricas como diversidade/interculturalidade, exterioridade, decolonialidade e, sobretudo, transmodernidade, a obra estrutura-se em 26 capítulos, sendo o primeiro introdutório e os demais distribuídos em três blocos temáticos, ou tempos, como designamos em alusão ao Fútbol Callejero, quais sejam, “Interpelando a matriz conservadora do futebol moderno”, “A diversidade radical dos futebóis transmodernos” e “A utopia revolucionária pelos futebóis transmodernos”.

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