Do futebol moderno aos futebóis transmodernos: a utopia da diversidade revolucionária
Por Osmar Moreira de Souza Junior (Autor), Ricardo Souza de Carvalho (Autor), Denis Prado (Autor).
Em IX Colóquio de Pesquisa Qualitativa em Motricidade Humana
Resumo
No presente texto buscamos fazer uma breve síntese do livro de mesmo título, organizado por nós e que busca compilar um pouco dos nove anos de estudos, pesquisas e debates levados a cabo ao longo da breve história do ProFut (Grupo de Estudos e Pesquisas dos Aspectos Pedagógicos e Sociais do Futebol), sediado na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), no Brasil. No decorrer dessa breve história, o ProFut estabeleceu relações diversas com uma rede de colaboradores/as que conta com futebolistas, acadêmicos/as, jornalistas, estudiosos/as, pesquisadores/as, praticantes, militantes, gestores/as de programas e movimentos e outros/as agentes dos futebóis. As práticas sociais e os processos educativos dialógicos emergentes desses encontros, alicerçados nas intersubjetividades nos fizeram reconhecer novos contornos antes ofuscados pela ditadura do futebol moderno e hegemônico franqueado pela FIFA e suas subsidiárias. É neste sentido que assumimos como título do livro a transição da matriz hegemônica do futebol para a exterioridade e a transversalidade dos futebóis que se assentam no paradigma da póscolonialidade, da interculturalidade e da transmodernidade propostos pelo filósofo argentino Enrique Dussel. São os futebóis da periferia do sistema-mundo que não ignoram a modernidade, tampouco se satisfazem com a pós-modernidade, nutrindo-se de um diálogo intercultural de matrizes marginalizadas, como o futebol de mulheres, o futebol de pessoas LGBTQIA+, o futebol de pessoas migrantes e refugiadas, o futebol de negros e negras, o futebol de pessoas com deficiência etc. e, desta forma, incorporando e superando o futebol pelos futebóis. O livro está estruturado em três seções que justificam o título na medida em que percorrem um itinerário narrativo errante, mas em alguma medida articulado a uma ideia prévia dos organizadores. O título, “Do futebol moderno aos futebóis transmodernos”, reflete nossa intencionalidade de partir do futebol moderno e percorrer as periferias deste, afirmando sua exterioridade a partir dos futebóis da cultura popular que se nutrem daquela matriz hegemônica e a superam anunciando a emergência dos futebóis transmodernos. Com relação ao subtítulo, “a utopia da diversidade revolucionária” expressa a perspectiva freireana com a qual nos orientamos para pensar a organização do livro no sentido de esperançar a superação dos operadores de opressão do futebol moderno tais como a misoginia, o racismo, o elitismo, o patriarcado, o capitalismo, o capacitismo, a LGBTQIA+fobia etc. Partindo de categorias teóricas como diversidade/interculturalidade, exterioridade, decolonialidade e, sobretudo, transmodernidade, a obra estrutura-se em 26 capítulos, sendo o primeiro introdutório e os demais distribuídos em três blocos temáticos, ou tempos, como designamos em alusão ao Fútbol Callejero, quais sejam, “Interpelando a matriz conservadora do futebol moderno”, “A diversidade radical dos futebóis transmodernos” e “A utopia revolucionária pelos futebóis transmodernos”.