Resumo
O presente estudo teve como objetivo geral problematizar as estratégias de operacionalização de um governo dos vivos e vigilância da saúde no contexto de emergência de uma sociedade de controle, a partir de uma análise discursiva de publicações com as hashtags #saúde e #corpo presentes no Instagram. Como objetivos específicos buscou-se analisar texto e imagem de publicações do Instagram com as hashtags #saúde e #corpo, considerando as distinções entre as publicações sem caráter comercial, e aquelas com finalidade explícita de venda de produto ou prestação de serviço. Para a extração das postagens da plataforma de rede social utilizou-se o site Netlytic, e para a seleção dos dados analisados, o apoio do software LibreOffice Calc. A perspectiva analítico-metodológica consistiu-se em uma análise discursiva, de perspectiva foucaultiana. Os produtos da pesquisa foram sistematizados em dois artigos científicos: artigo 1 e artigo 2. Os resultados referentes a análise das publicações sem caráter comercial (artigo 1) assinalam a presença de práticas discursivas que remetem às técnicas de confissão, de intervenção e de manipulação do corpo, estratégias relativas a operacionalização de um governo dos vivos e vigilância da saúde orientadas a partir da produção de verdades para condução da subjetividade dos usuários na atual sociedade de controle. Já os resultados relativos à análise das publicações com finalidade explícita de venda de produto ou prestação de serviço (artigo 2), evidenciam as estratégias de governo da vida e vigilância da saúde orientadas a uma racionalidade de mercado, que transcende os domínios da economia para articular um controle a partir do poder de modulação, processo de dividualização do indivíduo a partir da produção de “multi-mundos” de consumo para objetificação dos modos de relação de si consigo, ou ainda, dos modos de subjetivação. Conclui-se que a evolução dos processos tecnológicos de comunicação, em específico, o desenvolvimento e popularização do uso das plataformas de mídias sociais na internet, como o Instagram, alicerçam e evidenciam os processos de ramificação capilar das relações de poder em rede, referentes a operacionalização de uma sociedade de controle, com estratégias de governo da vida e de vigilância da saúde orientadas às lógicas de mercado.