Doping no Esporte: Impactos Biológicos, éticos e Sociais
Por Marcus Vinícius Alves de Lima (Autor).
Integra
INTRODUÇÃO:
Considera-se como doping a utilização de substâncias ou métodos capazes de aumentar artificialmente o desempenho esportivo, sejam eles potencialmente prejudiciais à saúde do atleta ou a de seus adversários, ou contra o espírito do jogo. Quando duas destas três condições estão presentes, nós temos o doping, de acordo com o código da Agência Mundial Antidoping (AMA). A pesquisa tem como objetivo identificar compreensões de saúde e doença nas práticas corporais esportivas, apontando perspectivas científicas e éticas mais amplas a respeito da racionalização do treino esportivo e os impactos biológicos, éticos e sociais.
METODOLOGIA:
Como técnica de pesquisa utilizamos a análise de conteúdo. O corpus de análise foi composto por matérias relativas ao doping no esporte, em revistas científicas e em publicações da mídia, como o Suplemento especial do Caderno Mais da Folha de São Paulo, referente às Olimpíadas de Atenas 2004. Das matérias publicadas no Suplemento especial do Caderno Mais da Folha de São Paulo, no período das Olimpíadas de Atenas 2004, 09 tratavam especificamente da questão do doping. A organização do material foi feita por meio de fichas de conteúdo, destacando os aspectos relevantes para a pesquisa na documentação pesquisada, em seguida evidenciamos as categorias de análise - impactos biológicos, éticos e sociais - temáticas que nortearam a interpretação referencial e a construção dos metargumentos expressos nos resultados.
RESULTADOS:
Apesar do controle do Comitê Olímpico Internacional, o número de casos de doping vem aumentando significativamente. Em Atenas 2004, registrou-se 24 casos, contra 12 de Los Angeles 1984. Os esteróides anabolizantes são utilizados por atletas para elevar o desempenho esportivo e os principais efeitos desejados são o aumento da massa muscular, redução da fadiga e das dores. Mas, há vários efeitos colaterais leves e graves decorrentes do uso dessas substâncias, tais como distúrbios do crescimento e desenvolvimento ósseo; cardiopatias; embolia pulmonar; complicações na próstata; aumento da agressividade, depressão, entre outros. Além dos agentes anabólicos (esteróides e beta-agonistas), há outras classes de substâncias proibidas: os estimulantes, os diuréticos, betabloqueadores, narcóticos, canabinóides, glicocorticosteróide, agentes com atividade anti-estrogênica (somente em atletas de sexo masculino), hormônios peptídicos, miméticos e análogos. E os métodos proibidos são: aumento de carreadores de oxigênio; manipulação farmacológica, química ou física da urina e o doping genético. Por que os atletas correm tais riscos? Ao que parece, as competições em um futuro próximo não serão mais entre homens e nações, mas sim entre laboratórios e drogas específicas. Valores da sociedade industrial como rendimento, racionalização, secularização e especialização; assim como os constantes avanços científicos e tecnológicos incorporados ao esporte, desafiam a nossa reflexão.
CONCLUSÕES:
Por trás deste mundo do belo e da autoperfeição que assistimos através da televisão e que constantemente escutamos nos discursos de profissionais da área, existe outro mundo de negociações comerciais milionárias, de drogas, sem se falar na guerra ideológica, política e econômica travada entre países que tentam mostrar, através dos Jogos Olímpicos, sua supremacia para o mundo. Os casos de doping e a intervenção de instituições como o COI e a AMA revelam aspectos significativos para compreendermos o esporte contemporâneo e as implicações biológicas, éticas e sociais dessa questão. Uma vez que o esporte de rendimento tem se configurado como modelo para o desenvolvimento das práticas corporais, em especial no universo da Educação Física, faz-se necessário desmistificar crenças e valores que perpassam os discursos na área, ampliando-se os sentidos atribuídos às práticas corporais para além dos princípios e da racionalização do treino esportivo.