Resumo

Este trabalho procurou investigar as manifestações de religiosidade no futebol profissional paulista. Dentro do universo de pesquisa, escolhemos cinco equipes que disputam a primeira divisão do campeonato estadual (Sport Club Corinthians Paulista, Santos Futebol Clube, Sociedade Esportiva Palmeiras, São Paulo Futebol Clube e Associação Desportiva São Caetano). Os principais motivos da escolha dessas equipes foram: o grande espaço a elas atribuídas pelos meios de comunicação; por serem de “massa” ou “emergentes”; e também por serem o “objeto do desejo” de muitos atletas iniciantes e mesmo de profissionais consagrados do futebol. De modo a entender a grande presença da religião e da religiosidade percebidas nos gramados brasileiros em tempos recentes – através de manifestações e relatos de atletas e integrantes de comissões técnicas –, buscamos trabalhar em duas linhas, uma de caráter teórico-bibliográfico e, a outra, de caráter empírico. O caminho percorrido se iniciou pela colocação, em um contexto de pesquisa, dos aspectos representativos do futebol e suas conexões com a religião/religiosidade ao redor do mundo. O trabalho parte de uma História do futebol (das práticas “proto-futebolísticas” ao esporte moderno) e, a partir dela, à conexão com a realidade brasileira e paulista. Mostramos, em seguida, as conexões dentro das equipes do nosso objeto de estudo e, também, como foi constituído nosso trabalho de campo. Para compreender o porquê das manifestações de religiosidade no futebol, empregamos a teoria da Sociedade de Risco, de Ulrich Beck e, elementos da Sociedade do Espetáculo, de Guy Debord, que são essenciais para a dissertação. A aproximação das teorias risco/espetáculo em relação à realidade brasileira e, principalmente, ao “esporte das multidões”, em conjunto com a pesquisa de campo (realizada com vinte personagens do futebol), nos permitiram concluir que o risco é um dos grandes motivadores das manifestações de religiosidade no futebol. Ou seja, o espiral risco/espetáculo, fruto do sistema sócio-econômico capitalista, competitivo e excludente, é determinante para a compreensão de nosso trabalho.

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