Sobre
Nova York, onde nasci e vivi até os 17 anos de idade, é uma metrópole com infraestrutura cultural acima da média - com excepcionais museus, bibliotecas, teatros, salas de concertos, entre outros - e piadas geniais reveladoras dessa realidade. Minha piada favorita desse gênero é aquela do turista que chega à cidade e, querendo conhecer um dos locais mais icônicos do seu universo cultural, pergunta a um pedestre que cruzava seu caminho: “O senhor pode me dizer como é que posso chegar ao Carnegie Hall?” A resposta vem curta e seca - bem ao gosto nova-iorquino: “É claro - pratique, pratique, pratique!”.
Lembrei dessa piada quando considerei o pano de fundo deste volume de textos que a ABED agora publica, baseado em textos que se originaram na também icônica Universidade Aberta do Reino Unido, uma instituição de ensino cujo sucesso e fama na aprendizagem a distância deve-se, em grande parte, à sua tradição construída em “pesquisa, pesquisa e pesquisa!”. É importante lembrar que foi na Inglaterra que, em 1853, iniciou-se a primeira “universidade do povo”, a Universidade de Londres (uma resposta às aristocráticas instituições prevalecentes até então), e onde, em 1858, foi criado o eu “Sistema Externo”, ou cursos universitários por correspondência, conquistando aprendizes em todos os países do então império britânico - Austrália, África do Sul, Canadá, Hong Kong e Índia.
Ao ser fundada, em 1969, a Universidade Aberta, a primeira do gênero e o modelo seguido por todas as demais no mundo, usava a televisão, material impresso e kits laboratoriais entregues pelo correio, eventualmente passando para formas digitais de ensino e aprendizagem. A instituição mantém vários setores de pesquisa, o que resulta na qualidade excepcional de suas atividades didáticas e numa sucessão de publicações importantes, como a revista internacionalmente aclamada Open Learning, e um Website que oferece vasto repertório de conhecimento, relacionado tanto aos cursos oferecidos quanto a pesquisas de interesse geral para a sociedade. Até hoje a Universidade Aberta do Reino Unido é líder na evolução do conceito de “abertura”, em todos os aspectos de aprendizagem, cujos ganhos econômicos são significativos para a sociedade - instituições educacionais abertas, livros–texto abertos, revistas científicas abertas, cursos abertos, software e ferramentas digitais abertos, licenças abertas de propriedade intelectual e, agora, recursos educacionais abertos (REAs).
Eu contribuí relativamente cedo para a introdução de REAs no Brasil, ao reconhecer, pelas estatísticas oficiais, que apenas 25% das escolas brasileiras tinham “bibliotecas escolares”, e que uma boa parte dessas eram apenas algumas prateleiras com livros em armários fechados nas diretorias, enquanto as primeiras redes eletrônicas estavam aparecendo no país, oferecendo uma solução prática ao problema. Como Coordenador Científico da Escola do Futuro, laboratório da Universidade de São Paulo (USP) que ajudei a fundar em 1989, investigando como as novas tecnologias de informação e comunicação poderiam apoiar a educação, solicitei, em 1995, um subsídio à Fundação American Telephone & Telegraph para criar uma “Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro - BibVirt”. Seria um acervo digital de textos, vídeos, imagens e ons, em domínio público, apropriados para munir jovens com conteúdo variado para suas pesquisas e redações. Aprovada, a BibVirt, hospedada nos servidores da USP e totalmente gratuita para consultas e downloads, entrou o ar em 1997 e chegou a ter mais de 10.000 obras, vídeos e registros sonoros e mais de 20.000 consultas individuais diárias. Atualmente, a BibVirt não se encontra disponível em seu endereço original, embora muito conteúdo que preparou e ofereceu ao público esteja disponível em acervos mais recentes. E em 2005 escrevi o que talvez tenha sido o primeiro artigo em língua portuguesa apresentando a conceituação formal do que sejam REAs1.
A ABED - Associação Brasileira de Educação a Distância também participou do reconhecimento da importância dos REAs, estando entre os primeiros signatários da celebrada Declaração de Educação Aberta da Cidade do Cabo em janeiro de 2007 (www.capetowndeclaration.org/). Desde sua origem, em 1995, a ABED tem seguida uma política de disponibilização, no seu site na Web, de todas as suas publicações, dos trabalhos apresentados nos seus congressos internacionais, além de todo o material necessário para educadores e outros profissionais ligados à EaD, como é o caso da presente obra, feita com a generosa permissão da Universidade Aberta do Reino Unido, que, assim, recebe os profundos agradecimentos de toda a comunidade brasileira de EaD.
Fredric M. Litto
Professor Emérito da Universidade de São Paulo
e Presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância — ABED
Sumário
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Introdução
Por Fredric Michael Litto João Mattar
Página
19 -
Recursos Educacionais Abertos
Por João Mattar
Página
21 -
Comunidades de Prática
Por Fredric Michael Litto João Mattar João Mattar
Página
111 -
Netiqueta e Segurança
Por Fredric Michael Litto João Mattar
Página
116