Educação dos Sentidos e das Sensibilidades: Mais Uma Moda Acadêmica ou Possibilidade de Renovação no âmbito das Pesquisas em História da Educação Física?

Parte de Memórias da Educação Física e Esporte . páginas 119

Resumo

História da educação dos sentidos e das sensibilidades: um novo campo de estudos?

Assim Anne-Emmanuelle Demartini inicia o verbete Sensibilidades, segundo o Dictionnaire de l’historien (GAUVARD; SIRINELLI, 2015):

A Sensibilidade e a História: sujeito novo. Não conheço o livro onde ele seja tratado. Não vejo, inclusive, que os múltiplos problemas que ele engaja se encontrem formulados em algum lugar”. Esta proposição de Lucien Febvre, co-fundador dos Annales, em 1941, diz bastante acerca do quanto a sensibilidade esteve longo tempo fora da história. Essa faculdade do sujeito de ser afetado por uma modifi cação exterior remete a um conjunto heterogêneo de fenômenos, mais ou menos complexos, colocando em jogo, ao mesmo tempo, o corpo e o espírito: percepções, sensações, sentimentos e emoções. Nesse domínio, a negligência dos historiadores se alimentava de evidências relativas ao caráter transcultural das emoções (todos os homens amariam, sofreriam, gozariam da felicidade da mesma maneira em todas as épocas), evidências que estão hoje ultrapassadas. De agora em diante, aliás, os historiadores preferem falar nas sensibilidades. O plural exprimindo melhor o caráter variável e coletivo dos fatos sociais, inteiramente culturais, que justifi ca o estudo histórico (p. 642).1 1 Essa é uma versão adaptada do texto publicado na revista História da Educação, v. 22, n. 55, maio/ ago.2018. Agradeço as suas editoras a autorização para republicá-lo como capítulo de livro. O fato daquela noção, assim como a de sentidos, aparecerem como verbetes em um dicionário especializado recente, parece atestar que ambas, mais do que palavras neutras e vazias de sentido, se estabilizaram no léxico dos historiadores contemporâneos.