Educação Física em contextos pedagógicos Latino-americanos: a comunicação atenta e generosa como processo educativo emergente de um curso de formação inicial e continuada de professores/as de Educação Física.
Por Osmar Moreira de Souza Junior (Autor).
Em IX Colóquio de Pesquisa Qualitativa em Motricidade Humana
Resumo
Partindo do pressuposto de que as pessoas se constroem no convívio com outras pessoas, desvelando um “nós” em que todos/as estão compromissados/as, neste texto analisamos os processos educativos emergentes de uma proposta de formação inicial e continuada de professores/as de Educação Física, iniciada em 2020, no contexto da pandemia do Covid-19. A disciplina/curso "Educação Física em contextos pedagógicos Latino-americanos", surge com a necessidade de ensino remoto demandado pelo contexto pandêmico. Neste contexto, enquanto professores dos cursos de Educação Física da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) do Brasil e a Universidad Catolica del Maule (UCM) do Chile, criamos uma disciplina que promovere intercâmbio cultural e acadêmico entre estudantes de graduação dos dois países. Nesta primeira oferta optamos por fazer a tradução subsequente das falas para facilitar a compreensão por parte dos/as estudantes. Estávamos todos/as nos familiarizando ainda com as aulas no formato remoto e foi desafiador mediar este complexo contexto entre atividades assíncronas e síncronas. Tivemos também a iniciativa de propor a formação de grupos de trabalhos mistos (brasileiros/as e chilenos/as juntos/as) para as atividades avaliativas tais como gravação de podcast e de videoconferência comparando os contextos da Educação Física nos dois países. Algumas falas indicam as dificuldades e desafios dos trabalhos em grupos mistos: “El idioma fue un poco limitante a la hora de desarrollar las clases y los trabajos pero si ambos profesores hablaran los 2 idiomas se podría haber abarcado muchos más contenidos porque fueron muy interesantes y a la misma vez me sirvieron como retroalimentación de lo que ya había visto en años anteriores” (Aluna 1, Chile); “Acredito que para a realização do trabalho a comunicação entre chilenos e brasileiros tenha sido um pouco complicada. (...) Durante as aulas, o único ponto negativo é que demora um pouco mais a aula pelo fato de ter que ficar traduzindo, o que às vezes distrai um pouco o aluno.” (Aluna 2, Brasil). Depoimentos como estes revelam processos educativos relacionados à dialogicidade emergentes em um contexto em que a comunicação exigia um esforço de escuta e expressão atenta e generosa. Em sua segunda oferta a proposta foi ampliada com a parceria com a Universidad Provincial de Cordoba e a Universidad Nacional del Comahue, ambas da Argentina e a UNIJUÍ do Brasil e teve como marco disruptivo a decisão de assumir as falas nos dois idiomas sem tradução, de forma compassada, tornando os processos educativos da comunicação atenta e generosa inerentes à prática social do curso.