Resumo

Este trabalho buscou entender como se dão as relações de gênero nos diferentes conteúdos da educação física escolar. Por meio de uma pesquisa do tipo etnográfica, em três (3) séries de duas (2) escolas pertencentes à Região Metropolitana de Campinas, foram observadas aulas de educação física que apresentavam uma variação de conteúdos ao longo dos bimestres e realizadas entrevistas semiestruturadas, com professores/as e alunos/as das turmas. As análises feitas indicam que, embora no campo dos discursos da educação física haja práticas que são, a priori, generificadas (ginástica é feminina e o futebol masculino), no contexto pesquisado não foram essas determinações que interferiram na aprendizagem de meninos e meninas nas aulas, mas sim uma noção, compartilhada entre os sujeitos, da certeza de que os meninos eram mais aptos e capazes nas atividades independente do conteúdo, como se ser menino por si só já fosse indicativo de maiores habilidades corporais. Assim, de acordo com o campo, os meninos e meninas lidavam de maneiras distintas com aprendizagem de novos movimentos e conteúdos, sendo que eles arriscavamse mais nas aprendizagens e demonstravam mais confiança nas próprias capacidades e habilidades e elas denotavam maiores capacidades de se organizar, as quais foram evidenciadas em alguns momentos nos conteúdos de ginástica. Nos conteúdos esportivos e/ou atividades que envolviam competição, a certeza do sucesso e crença na maior habilidade corporal dos meninos ficava evidenciada dada a situação de competição. Este trabalho permite entender como as construções de gênero influenciam nos modos de participar e aprender nas aulas de educação física, assim como a diversificação de conteúdos desta disciplina, em alguns momentos, pode ser um fator desconcertante das relações de gênero presentes na escola. 

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