Resumo

A partir dos apontamentos e orientações advindas das organizações internacionais, principalmente ONU e UNESCO, é possível perceber em vários países o crescente desenvolvimento de políticas públicas, mesmo que em tempos e formas diferentes, voltadas para as questões da desigualdade, da segregação e da exclusão, em diversos campos e dimensões da sociedade, destacando-se a educação escolarizada e a perspectiva da inclusão. Embora o panorama legal seja favorável e no campo teórico já tenhamos produção quantitativa e qualitativamente considerável, quando se discute a temática da inclusão educacional, o cenário atual que se apresenta ainda é coberto de ações descontextualizadas e de insegurança, sobretudo no campo da intervenção. Estas ações parecem ser mediadas pela representação e pela percepção que os professores têm acerca do tema e por questões de formação profissional de pouca qualidade, o que pode influenciar direta ou indiretamente o processo ensino-aprendizagem, resultando em desacordos entre entendimento e atendimento no processo da inclusão. Como consequência destes desacordos, contrariando as expectativas iniciais, o paradoxo da inclusão/exclusão tem se tornado mais evidente e até mais frequente no ambiente escolar, na medida em que os alunos com necessidades educacionais especiais chegam às classes comuns no denominado ensino regular. A partir deste cenário os objetivos do presente estudo foram identificar e analisar que procedimentos, estratégias e conteúdos estão presentes na prática pedagógica dos professores nas aulas de Educação Física no ambiente escolar, no que se refere a uma educação física para todos; Identificar as representações que os professores de Educação Física têm acerca da inclusão e desta para com a Educação Física na escola; Identificar as necessidades e inquietações do professor em relação ao atendimento do aluno em condição de deficiência nas salas regulares, nas aulas de educação física. O delineamento metodológico seguiu o modelo de pesquisa qualitativa de cunho descritivo. O método utilizado para coleta de dados foi composto por questionário com questões fechadas e entrevista pelo método de Grupo Focal. Os resultados apontaram ações e práticas pedagógicas com vários pontos de desacordo em relação à proposta da inclusão; Tendência de relacionar de forma direta inclusão à deficiência; Tendência de entendimento ainda baseado no paradigma médico; Maior facilidade no atendimento da deficiência física em relação a intelectual; Necessidade e expectativa dos professores por formação continuada e apoio pedagógico especializado. 

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