Educação Física no Sistema Prisional: Transformação da Prática Pedagógica Pelos Afetos
Por Arthur William Santos Pinheiro (Autor), Luis Felipe Nogueira Silva (Autor), Alcides José Scaglia (Autor).
Em III Congresso Internacional de Pedagogia de Esporte - CONIPE
Resumo
Introdução: A Lei 9.394/1996 chancela o pressuposto, delineado pelo Art. 205 da Constituição Brasileira de 1988, de garantia à educação à todos e todas que nascem e vivem no Brasil, inclusive aos indivíduos em situação carcerária (SILVA; FERREIRA, 2022). O processo educacional, de substancial papel para reinserção e ressocialização cidadã e destas pessoas, está imbricado às dimensões afetivas incutidas nas ações e práticas pedagógicas (LEITE; TAGLIAFERRO, 2005). Objetivo: Relatar experiências e estratégias adotadas nas aulas de educação física em um colégio, dentro de uma unidade prisional em Uberlândia/MG, voltado a infratores menores de 18 anos. Desenvolvimento: O uso da quadra do colégio era permitido, devido à uma determinação interna, apenas uma vez por mês. Por isso, as aulas de educação física aconteciam, via de regra, em celas adaptadas – do tamanho de um quarto de uma casa popular. Ademais, muitos estudantes, de forma declarada, frequentavam as aulas com intuito único de passar algumas horas fora do ‘barraco’. A presença de um jovem docente naquele espaço passou a ser tolerada depois de meses, firmado um pacto de respeito e empatia mútuo, frente ao melindre inicial. A confiança, fruto da afetividade relacional constituída de forma dialógica, permitiu a quebra de barreiras no campo sócio-emocional e a diminuição da hostilidade no ambiente. O desenvolvimento de conteúdos inerentes à educação física teve como condição, a priori, a humanização na relação docente-discentes e o usufruto de uma abordagem didático-metodológica que, uma vez interacionista, centralizou as dinâmicas pedagógicas aos anseios dos estudantes, oferecendo-lhes protagonismo no processo educacional e, assim, transcender uma suposta conotação aversiva com o contexto escolar. Sugestões: Ao docente, cabe interpretar o contexto em que está inserido para, caso seja necessário – como nesta experiência - mediar as relações entre sujeitos e conteúdos sem abrir mão de um trabalho pedagógico prazeroso e, fundamentalmente, afetivo (VYOGTSKY, 1998).