Resumo

A finalidade do presente trabalho foi de procurar analisar os aspectos relativos às formas e aos meios de como o corpo feminino se padroniza na sociedade de consumo, especificamente na brasileira, através da aquisição de modelos hegemonicamente estabelecidos e assumidos, consciente ou inconscientemente. Para tanto, procuramos desvendar e explicitar alguns do efeitos da impregnação de tais modelos, representados no imaginário feminino que, por sua vez, geram um fenômeno peculiar de discriminação e controle social exercido de fora para dentro da mulher e, por outro lado, uma forma de auto-controle e auto-reforço, que visa a própria manutenção e cristalização do padrão de corpo feminino na sua totalidade orgânica, psicológica e cultural. Objetivamos, também, estabelecer uma relação crítica entre a padronização do corpo na sociedade capitalista e a prática da Educação Física, enfatizando seu impacto nas instâncias escolar e privada, particularmente onde predomina o culto ao corpo. Para atingir esses objetivos, utilizamos como procedimentos metodológicos a análise bibliográfica e documental, tendo como base referencial e interpretativa o Materialismo Dialético e Histórico. Nos primeiros capítulos deste trabalho, são apresentados alguns antecedentes históricos que buscam evidenciar as formas de controle sobre o corpo feminino, que passam das mãos da Igreja, através do discurso da religião e da fé, para as mãos do Estado, via ciência e avanço tecnológico. No capítulo 4, tentamos demonstrar como se forjam os modelos de corpo feminino através da mídia, especificamente da publicidade, na época atual, e de que forma eles atuam, produzindo a subjetividade feminina e inserindo a mulher na esfera da produção e do consumo. Consideramos também, em nossa análise, a diminuição do poder de resistência e mudança dos movimentos feministas, procurando ainda discutir um pouco sobre o significado da Indústria Cultural na sociedade contemporânea, sua origem e lógica de atuação. No capítulo 5, visamos estabelecer algumas relações, que se travam entre esses modelos de corpo e as práticas da Educação Física que se efetuam na escola. Abordaremos mais de perto a influência do paradigma biológico, no sexismo presente nas práticas pedagógicas da Educação Física, em nível de primeiro, segundo e terceiro graus. A discriminação sexual, portanto, constitui a ênfase maior nas análises restritas à esfera escolar. No que se refere às práticas corporais, que extrapolam os muros da escola, mais especificamente em esferas onde o culto ao corpo está na ordem do dia (Academias de Ginástica), a análise centraliza-se mais enfaticamente nos aspectos da disciplina corporal, da moda e do controle da sexualidade e como esses fatores auxiliam de forma incisiva, na produção do imaginário feminino. Refletimos também, como este fenômeno está sendo abordado pelas discussões mais atuais da Educação Física e sobre a necessidade de incorporá-lo definitivamente, ao horizonte da discussão temática, que busca novas alternativas para as práticas desta disciplina, numa perspectiva de transformação. Finalmente, no capítulo 6, partimos do pressuposto de que a resistência encontra-se no cerne das lutas sociais e de que o conflito entre os sexos, presente na Educação Física na perspectiva de sua superação, constitui questão básica na busca de uma transformação radical nas concepções pedagógicas que fundamentam as práticas corporais. Com esse entendimento tentamos resgatar aspectos importantes desta resistência, que poderão ser potencializados apontando para uma nova visão da Educação Física.

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