Resumo

Os atos de “brincar e se-movimentar” abrangem uma gama de acontecimentos que fazem com que todos nós, e principalmente a criança, consigamos ter uma relação direta e autêntica com o mundo, relação essa que é fundada na corporeidade. Nessa relação de construção, o movimento humano produz sempre algo novo, como uma expressão artística ou, talvez, uma obra de arte. Desta forma, podemos agir com totalidade e nos tornar o centro das nossas ações e nos desenvolver como sujeito, como seres sensíveis na relação com o mundo. Sendo assim, este estudo teve como objetivo central investigar acerca das maneiras como o brincar e o se-movimentar são proporcionados no espaço escolar e como eles contribuem para a educação da sensibilidade da criança pequena. Primeiramente, foi desenvolvida uma pesquisa teórica sobre os assuntos e autores fundamentais, que forneceram a base para a segunda parte do estudo. Esta outra etapa foi um estudo empírico que envolveu duas escolas municipais da cidade de Capinzal, SC; uma localizada no interior do município e a outra na cidade. Foi selecionada uma turma de crianças entre 4 e 6 anos de idade em cada escola, que totalizaram 40 crianças. O pesquisador acompanhou as crianças em todos os espaços das escolas entre os meses de abril e agosto de 2013. Nesse período, observou as crianças, conversou com elas e com os professores, fotografou e filmou alguns momentos que achou serem importantes para o estudo. Todas estas informações foram descritas em diário de campo e,posteriormente, foram interpretadas. Constatou-se que o brincar e o se-movimentar nas escolas estudadas acontecem muitas vez es por intermédio do controle dos professores, sempre com o intuito de promover uma competição e de chegar a um resultado final. Os momentos disponibilizados para que os alunos consigam brincar e se-movimentar livremente são muito poucos e se restringem ao recreio, a alguns momentos nas aulas de Educação Física, nos espaços de transição de um local a outro na escola e pela rebeldia corporal das crianças, quando elas, mesmo sem o apoio dos professores, procuram brincar e se-movimentar nos vários espaços da escola, criando alternativas para não ficar muito tempo sentados nas carteiras, em silêncio. Portanto, nas escolas investigadas, o incentivo à construção de situações que possibilitem o desenvolvimento da sensibilidade recebe pouca importância, o que compromete significativamente a educação da sensibilidade dessas crianças e limita o poder de criação e de autonomia em relação ao mundo, dificultando assim, que sejam elas mesmas.
 

Acessar Arquivo