Resumo

O presente estudo analisou o efeito da atenção sobre a formação da preferência lateral, o desempenho e o aprendizado em tarefas manuais. No experimento I, participaram 83 indivíduos destros com idade entre 13 e 15 divididos em quatro grupos: prática na tarefa de sequência de toque de dedos (GS); prática na tarefa sequência de toque de dedos e tempo de reação, com atenção direcionada para a tarefa de sequência de toque de dedos (GTD); prática na tarefa toque de dedos e tempo de reação, com atenção direcionada para a tarefa de tempo de reação (GTR); e, prática na tarefa sequência de toque de dedos e tempo de reação, juntamente com a tarefa de rastreamento (GRA). A tarefa de toque de dedos foi praticada com a mão esquerda e as demais tarefas com a mão direita, totalizando 180 tentativas distribuídas em 3 sessões em dias diferentes. A preferência manual específica, percepções de segurança, de conforto e de desempenho para a tarefa de toque de dedos e os desempenhos nas tarefas foram analisados no pré-teste, pós-teste, retenção I e II. O experimento II contou com delineamento semelhante, em que participaram 53 indivíduos destros com idade entre 13 e 15 anos divididos em três grupos: prática simples (G1), prática dupla com atenção direcionada para a mão esquerda (G2E) e prática dupla com a atenção direcionada para a mão direita (G2D). A tarefa utilizada foi de rastrear um círculo, que se movia aleatoriamente, utilizando o cursor do mouse. Esta tarefa foi realizada com as duas mãos simultaneamente nos grupos de prática dupla. Os resultados dos dois experimentos apontaram a melhora no desempenho e no aprendizado tanto em situação de prática simples quanto de prática dupla. Assim, em determinados contextos a aprendizagem pode ocorrer de maneira independente, ou seja, a atividade de uma mão não afetaria a aprendizagem da outra, desde que as demandas atencionais das duas tarefas não excedam os recursos atencionais necessários. A prática com a mão não-preferida resultou na melhora no desempenho e no aprendizado da mão preferida. Esse fenômeno de transferência interlateral de aprendizagem foi atribuído ao compartilhamento das redes neurais e aos fatores cognitivos inerentes à tarefa. Todos os grupos analisados mudaram sua preferência lateral específica para realizar as tarefas praticadas, independentemente de realizarem a condição de prática dupla ou simples. Esses resultados foram explicados pelas alterações nas percepções de segurança, de conforto e de desempenho em função da quantidade de prática e de atenção voltada para as tarefas. 

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