Resumo

O uso do feedback extrínseco ao longo do processo de aquisição de uma habilidade motora tem sido objeto de estudo e, mais recentemente, tem se investigado se o aprendiz é capaz de gerenciar o fornecimento dessas informações. Contudo, a literatura sobre os efeitos do conhecimento de performance (CP) com populações idosas é incipiente e os resultados não são esclarecedores. Nesse sentido, o objetivo geral desse estudo foi investigar o efeito de um regime de fornecimento de CP autocontrolado na aprendizagem motora de idosos. Foram planejados dois experimentos. O objetivo do Experimento 1 foi investigar o efeito do fornecimento de diferentes tipos de CP (CP descritivo/vídeo-replay e CP prescritivo/verbal) na aprendizagem de uma habilidade motora em idosos. A tarefa utilizada foi a tacada curta do golfe. Participaram deste experimento 36 idosos com média de idade de 65 anos, distribuídos em três grupos experimentais: Presc; Vídeo+Presc; e Vídeo. Os idosos praticaram 120 tacadas a 2,20m do alvo em duas sessões de prática e foram realizados testes de retenção e transferência. A ANOVA encontrou diferenças significantes entre os grupos no desempenho (escore), na amplitude do backswing e forwardswing. O post hoc de Bonferroni mostrou que os grupos Presc e Video+Presc foram superiores ao grupo Vídeo (p<=0,05). Portanto, o CP prescritivo foi responsável pela mudança no padrão de movimento, bem como, na diminuição dos erros. O objetivo do Experimento 2 foi investigar o efeito do fornecimento de CP autocontrolado no processo de aprendizagem de uma habilidade motora em indivíduos idosos. Participaram desse estudo 40 indivíduos com idade entre 60 e 80 anos, divididos em dois grupos: Auto e Yoked. A tarefa utilizada foi a mesma do Experimento 1 e o delineamento experimental contou com testes de retenção (R5 e R24) e transferência (T1 e T2). O desempenho foi avaliado pela pontuação obtida na tacada (escore) e foi realizada a análise cinemática. A ANOVA não detectou diferenças significantes entre os grupos Auto e Yoked nas medidas realizadas (p<=0,05). Além disso, a análise da variabilidade intraindividual mostrou que o grupo Auto variou mais comparado ao grupo Yoked nas medidas de tempo e amplitude do backswing, tempo de preparação e tempo de movimento. Portanto, não houve efeito do regime de CP autocontrolado na aquisição da tacada curta do golfe. A partir do reagrupamento realizado com base na frequência de recebimento de CP, os idosos foram organizados em dois grupos G9 e G55, que receberam CP em 9% e 55% das tentativas, respectivamente. Com a formação dos novos grupos, foram refeitas todas as análises. A análise inferencial encontrou diferenças significantes em praticamente todas as medidas (p<=0,05), mostrando que o G55 apresentou um comportamento qualitativamente superior quando comparado ao G9. Em suma, os resultados corroboram com as pesquisas que investigaram idosos sob uma condição autocontrolada, confirmando que idosos não foram influenciados ao serem inseridos num regime autocontrolado de fornecimento de CP. Além disso, a frequência de fornecimento de CP elevada, ou 55%, parece ser um fator que incrementa o desempenho de idosos

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