Efeito da insuficiência cardíaca por hipertensão pulmonar na tolerância ao esforço físico, função e trofismo muscular de camundongos
Por Janaina S. Vieira (Autor), Telma F. da Cunha (Autor), Nathalie A. Paixão (Autor), Paulo M.M. Dourado (Autor), Marcele A. Coelho (Autor), Patricia C. Brum (Autor), Aline V.N. Bacurau (Autor).
Em VI Congresso Brasileiro de Metabolismo, Nutrição e Exercício - CONBRAMENE
Resumo
A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome clínica associada à disfunção e atrofia do músculo-esquelético. Embora o infarto do miocárdio seja um modelo experimental reconhecido para indução da IC, a variabilidade no tamanho da área infartada e a grande mortalidade associada dificultam estudos nesta síndrome, especialmente em camundongos. A monocrotalina (MCT) é conhecida por induzir IC pelo aumento da pós-carga no ventrículo direito (VD) resultante da hipertensão pulmonar, sendo esse modelo bem estabelecido em ratos. Em camundongos os estudos são escassos e apresentam disparidades quanto ao tempo de tratamento e a dose de MCT usada. Além disso, vale destacar que nenhum estudo prévio avaliou as alterações na musculatura esquelética de camundongos nesse modelo. OBJETIVOS: Realizar a caracterização morfofuncional do músculo-esquelético em modelo de IC induzida por monocrotalina em camundongos. MÉTODOS: Comitê de Ética 2014/03. Foram utilizados camundongos machos da linhagem C57BL6/J aos 3 meses, divididos em grupo salina (n=5) e MCT 80mg/kg (i.p.) (n=10) a cada 20 dias (dias/dose). A tolerância ao esforço foi avaliada por teste progressivo, escalonado até a exaustão. A função contrátil do músculo EDL ―ex vivo‖ por banho de órgãos. A função cardíaca, pela fração de encurtamento (FS) do VD por ecocardiográfica. O consumo alimentar por gaiola metabólica. A área de secção transversa das fibras dos músculos sóleo e EDL foram avaliadas por imunofluorescência para laminina. As variáveis estudadas foram comparadas entre os grupos pela análise de variância de dois caminhos para medidas repetidas, com post-hoc de Tukey ou pelo teste t de Student, apresentadas na forma de média ± erro padrão da média. O nível de significância p 0,05. RESULTADOS: Após 4 meses de tratamento, o grupo MCT apresentou menor FS do VD (43,02 3,2 vs 34,8 2,3 mm, p = 0,04), intolerância ao esforço (466 33,5 vs 346 20,7 m, p = 0,02) e redução na força de contração (21%), associadas a atrofia das fibras do músculo sóleo e EDL (18% e 20%, respectivamente) quando comparado ao grupo salina. Nenhum grupo apresentou mortalidade, alteração na ingestão alimentar ou na massa corporal durante o período de estudo. CONCLUSÃO: Camundongos tratados com MCT apresentam sinais de IC como disfunção do VD e intolerância ao esforço, associados a atrofia e disfunção muscular esquelética. Esses resultados demonstram a viabilidade do modelo de IC induzida por MCT em camundongos.