Resumo

Introdução: A literatura tem buscado compreender os efeitos da prática esportiva em componentes da saúde, principalmente em populações pediátricas com objetivo de diminuição do risco de desenvolvimento de doenças crônicas na idade adulta. Esportes de impacto parecem proporcionar benefícios à saúde óssea, enquanto esportes com características aeróbicas parecem proporcionar adaptações ao perfil metabólico e inflamatório. Contudo, algumas modalidades, como o atletismo, apesar de abarcar aparentemente as características necessárias para promover saúde óssea (salto, corrida, mudanças rápidas de direção, além da exposição ao sol) e metabólica (alto gasto energético), a literatura ainda é escassa de informações sobre o efeito da modalidade na saúde de adolescentes. Objetivo: Analisar o efeito da prática de atletismo sobre a saúde óssea, perfil metabólico e inflamatório de adolescentes de ambos os sexos durante um período de 12 meses de seguimento. Métodos: Este projeto, com delineamento longitudinal observacional, acompanhou adolescentes durante 12 meses (linha base [0] e 12 meses [i]), sendo conduzido na cidade de Presidente Prudente – SP. Amostra foi composta por 32dolescente com idade entre 11 e 18 anos, divididos em dois grupos distintos: I) Controle (adolescentes não praticantes de modalidades esportivas sistematizada) e II) Grupo atletismo (adolescentes praticantes de atletismo no mínimo 6 meses). Foram analisados para desfechos do estudo: I) Variável Dependente: Saúde óssea (densidade mineral óssea, conteúdo mineral e osteocalcina) analisadas por absortiometria de raio-x de dupla energia (DXA); Variáveis metabólicas e inflamatória (Triglicérides, Colesterol total, HDL, LDL, Glicose, Insulina, HOMA-IR e PCR); II) Variável Independente: Volume de Carga de Treinamento; III) Variável de Confusão: i- idade, ii- sexo, iii – maturação somática, iv- massa gorda, v- tecido mole e magro. Análises de comparação entre os grupos no baseline e follow-up foram realizadas utilizando método de equações de estimações generalizadas ajustadas por covariáveis. Modelos de correlação de Pearson e Regressão Linear Múltipla foram utilizadas para as análises de relação e associação. Adotando significância estatística de p<0,05 e todas as análises foram realizadas usando o SPSS versão 25. Resultados: Após 12 meses de seguimento, adolescentes praticantes de atletismo apresentaram maiores ganhos de DMO de membros inferiores e corpo total sem cabeça (média da diferença 0.0743 g/cm2 e 0.0809 g/cm2, respectivamente) quando ajustado por ∆ massa gorda dos membros inferiores. Os ganhos permaneceram significativos em ambos os segmentos, mesmo quando ajustado por ∆ tecido magro e mole dos membros inferiores (média da diferença de 0.0791 g/cm2 e 0.1355 g/cm2, respectivamente). Por outro lado, as variáveis do perfil metabólico e inflamatório não apresentaram diferenças significativas mesmo quando ajustadas por ∆ massa gorda total. Por fim a prática do atletismo somada aos níveis de concentração de osteocalcina, explicaram 39% dos ganhos de DMO nos membros inferiores. Conclusão: Em suma, adolescentes praticantes de atletismo apresentaram maior densidade mineral óssea de pernas e corpo totais comparados aos seus pares controles após 12 meses de seguimento. Contudo, não se mostrou capaz de modificar o perfil inflamatório e metabólico comparados aos seus pares controles.

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