Resumo
Introdução: No envelhecimento, o sistema neuromuscular e somatossensorial são comprometidos, afetando o controle postural. Destacam-se alterações na orientação dos segmentos corporais, redução da força e da flexibilidade e diminuição no equilíbrio. Tais mudanças podem ser acentuadas ou prematuras decorrentes ao descondicionamento físico, as quais podem ser revertidas, retardadas ou atenuadas com a prática do exercício físico. Embora diversos tipos de intervenção tenham sido explorados e apresentem diversos benefícios para o controle postural, os efeitos de um programa que integre conteúdos da orientação e estabilidade postural e um programa não convencional de musculação não estão muito claros. Objetivo: Determinar os efeitos de um programa de exercício físico para o controle postural (PCP) e de um programa de não convencional (PCM) nas variáveis: Estabilidade postural em condições combinadas de base de suporte e de informação visual, orientação postural e funcionalidade. Materiais e Método: Participaram do estudo 56 idosos distribuídos em 2 grupos, de acordo com a modalidade de exercício praticada, sendo que 33 conformaram o grupo PCP e 23 o grupo PCM. O desenho experimental incluiu avaliações em três momentos (pré-intervenção, pós1 e pós2). A estabilidade postural foi avaliada em base bipodal estável (BE) e instável (BI - uso da espuma), nas condições de olhos abertos e vendados, por meio de uma plataforma de força. A orientação postural no plano sagital por meio do Sistema de Avaliação Postural (SAPO). A funcionalidade através dos testes: Postural-locomotion-manual-PLM e Timed Up and Go-TUG. O nível de atividade física por meio do Questionário de Baecke Modificado para Idosos. As variáveis analisadas foram: área, velocidade média total (VMT) e Room Mean Square (RMS) do centro de pressão (CoP), ângulo quadril, orientação horizontal da pelve, e desempenho nos testes funcionais. O grupo PCP desenvolveu 7 componentes de treinamento: sistema sensorial, ginástica postural, resistência muscular, força rápida, flexibilidade, e, estabilidade e orientação postural aplicadas a AVDs e o grupo PCM 4: resistência muscular, agilidade, coordenação e equilíbrio. Ambos os programas tiveram duração de 37 semanas, frequência de 3 sessões semanais e 60 minutos de duração cada sessão. Resultados: Para a estabilidade em base instável e a funcionalidade, ambas intervenções tiveram maior efeito nas 16 semanas iniciais e uma redução nas seguintes 17 semanas. No entanto, essa redução não ultrapassou os valores da pré-intervenção. Especificamente foi observada diminuição da área, VMT e RMS do CoP em BI com supressão visual e diminuição no tempo do PLM e do TUG. Conclusão: As intervenções propostas após 37 semanas promoveram melhoras na estabilidade e funcionalidade. Tais melhoras podem estar relacionadas ao melhor processamento de informação proprioceptiva e vestibular, adaptações no sistema neuromuscular e mudanças nas estratégias motoras. Desta forma, as intervenções propostas parecem ser alternativas eficazes para a população idosa.