Resumo

A partir do constructo de que o melhor desenvolvimento da capacidade aeróbia é treinar na intensidade de limiar anaeróbio e assumido que essa variável é essencial para o sucesso nas provas em natação, diversos protocolos têm sido padronizados e validados para sua determinação. Dentre eles destaca-se o teste de lactato mínimo (LM) pelo fato de aparentemente apresentar a melhor relação "custo-benefício" e permitir estimar os parâmetros aeróbios e anaeróbios em um único teste. Além disso, estudos demonstraram que resultado não é alterado pelo estado nutricional, o que permite sua realização sem a necessidade de padronização do treinamento e controle da dieta. No entanto sua sensibilidade aos efeitos do treinamento tem sido questionada. Para nosso conhecimento, um estudo realizado por nosso grupo, demonstrou a sensibilidade do teste de LM aos efeitos de uma periodização, mas infelizmente não foi possível realizar testes de desempenho em diferentes distâncias de modo conjunto às avaliações de capacidade aeróbia. Assim, o objetivo do estudo foi monitorar os efeitos de um treinamento típico sobre a intensidade de lactato mínimo e desempenho de nadadores. Quinze nadadores (15 a 20 anos, com mínimo 3 anos de treinamento sistematizado), filiados à Federação Aquática Paulista, foram submetidos aos testes de LM e de desempenho ao início do período preparatório básico(iPPB), específico(iPPE), polimento(iPP) e final do período de polimento(fPP). Para determinar capacidade aeróbia, foi realizado protocolo de LM que constituiu um esforço máximo de 100m no principal estilo do nadador, para induzir a hiperlactacidemia e 5 esforços progressivos de 200m separados por 8 minutos de intervalo passivo, onde nos minutos 3, 5 e 7 são coletadas amostras sanguíneas. O desempenho foi determinado por esforços máximos nos 100m e 200m nado livre. As possíveis diferenças entre as variáveis foram analisadas por ANOVA para medidas repetidas com Posthoc LSD e, as possíveis associações entre capacidade aeróbia e desempenho foram verificadas com o teste de Correlação de Pearson (p<0,05). No desempenho de 100m não foram observadas diferenças significativas durante a temporada (iPPB=1,59;iPPE=1,60;iPP=1,62 e fPP=1,64). Já no desempenho de 200m observou-se um aumento de 5,07±11,61% durante o PPB (iPPB=1,19;iPPE=1,24). Entretanto, no PPE o desempenho foi reduzido em 0,73±3,94%, mantendo esses níveis até o fPP (1,23±0,08). Não foram observadas diferenças significativas durante a temporada na iLM. Porém, foram encontradas fortes correlações entre a variação da vLAN e do desempenho dos 100m (r=0,862 p=0,001) bem como o desempenho dos 200m (r=0,911 p=0,001) durante a temporada, mostrando que o aumento da vLAN influencia na melhora do desempenho dos nadadores. Concluímos que o modelo de treinamento utilizado não foi eficiente para melhorar as variáveis, porém o aumento da capacidade aeróbia parece ser determinante para melhora de desempenho nas diferentes fases da periodização.

Acessar