Resumo
O envelhecimento está associado ao declínio da massa muscular esquelética e, consequentemente, a reduções nos níveis de funcionalidade. Nesse contexto, o treinamento de força (TF) é um potente estímulo para o aumento da massa muscular nessa população. Entretanto, a magnitude da hipertrofia ao TF é heterogênea, variando desde indivíduos que não apresentam aumentos significativos de massa muscular (i.e., pouco-responsivos) até aqueles com ganhos expressivos (i.e., muito-responsivos). Sugere-se que essa a variabilidade esteja associada a um estímulo insuficiente e/ou inadequado de exercício, e não à incapacidade para adaptar-se ao exercício. Assim, o presente estudo investigou se a variabilidade inter-indivíduos da resposta hipertrófica ao TF em idosos é afetada pela manipulação do volume da sessão. Adicionalmente, se investigou o efeito da manipulação do volume de TF sobre marcadores moleculares relacionados à responsividade, i.e., expressão total das proteínas UBF, Frizzled-1, c-Myc e rpL3, associadas à regulação da biogênese ribossomal. O desenho experimental foi composto de 10 semanas de TF (2 sessões•semana-1) no exercício cadeira extensora unilateral. Cada uma das pernas de um determinado indivíduo foi aleatoriamente alocada, considerando a dominância, em um dos dois modelos de treino a serem testados: 1) uma única série de 8-15 repetições máximas e; 2) quatro séries de 8-15 repetições máximas. Antes e após o período de intervenção, os voluntários foram submetidos a um exame de imagem por ressonância magnética, teste de uma repetição máxima e biópsias musculares (vasto lateral). Os principais resultados demonstraram que manipulações do volume de TF aumentam a magnitude da resposta hipertrófica e diminuem em ~80% o número de indivíduos pouco-responsivos ao TF. Para as vias de regulação da biogênese ribossomal, observou-se aumentos na expressão das proteínas rpL3 e Frizzled-1 e uma tendência de aumento para a UBF. Essas respostas foram acompanhas por um aumento da concentração total de RNA no músculo esquelético, favorecendo o protocolo de TF com maior volume. O presente trabalho demonstrou que existe uma alta variabilidade da resposta hipertrófica em resposta ao TF em idosos; entretanto, essa resposta pode ser modulada pela manipulação do volume de TF. Especificamente, observou-se um aumento tanto da magnitude da resposta hipertrófica quanto uma diminuição do número de indivíduos pouco-responsivos ao TF em função do aumento do volume de treinamento. Essa resposta foi parcialmente acompanhada por aumentos na regulação de vias relacionadas a biogênese de ribossomos bem como aumentos da concentração total de RNA. Dessa maneira, sugere-se que a prescrição do TF em idosos, em especial ao que diz respeito ao volume de exercício, seja realizada de maneira individualizada, para que, assim, se otimize os ganhos de massa muscular nessa população.