Resumo

Evidências na literatura apontam que com a prática de habilidades motoras com alta demanda cognitiva é adquirida uma representação mental. No entanto, freqüentemente observa-se que indivíduos com desempenho semelhante em uma mesma habilidade possuem distinta capacidade de adaptação, ou seja, apresentam desempenhos diferentes na execução da mesma habilidade em uma outra condição. A questão central deste estudo tem origem nesse aparente paradoxo: estruturas de representação mental de mesma natureza proverem capacidade de adaptação distinta. Há evidências na literatura de que o grau de liberdade de escolha do aprendiz pode afetar o processo de aquisição de habilidades motoras, sendo que um grau ótimo dessa liberdade proporciona a formação de uma representação mental que favorece a capacidade de adaptação. Assim, o objetivo do estudo foi investigar o efeito do grau de liberdade na escolha da resposta no processo adaptativo em aprendizagem motora. Foram realizados três experimentos, nos quais indivíduos que adquiriram uma representação mental, em três condições distintas de liberdade de escolha, foram testados em sua capacidade de adaptação a modificações da tarefa: perceptiva (EXPERIMENTO 1), efetora (EXPERIMENTO 2) e perceptivo-efetora (EXPERIMENTO 3). Participaram do estudo 139 voluntários com média de idade de 21 anos. Foi utilizada uma tarefa complexa de timing coincidente. Os resultados permitiram concluir que um alto grau de liberdade na escolha da resposta, durante a estabilização de uma habilidade motora, prejudica o processo de adaptação a uma modificação perceptivo-efetora da tarefa, havendo indicativo de que um grau médio é benéfico. Além disso, houve indícios de que o não fornecimento de liberdade de escolha prejudica a adaptação a uma modificação efetora da tarefa.

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