Efeito na Fase de Aproximação na Ultrapassagem de Um ou Dois Obstáculo em Pessoas com Doença de Parkinson e Neurologicamente Sadios
Por D. Orcioli-silva (Autor), Fábio Augusto Barbieri (Autor), R. Vitório (Autor), F. B. Hernandes (Autor), L. Simieli (Autor), P. C. R. Santos (Autor), V. S. Beretta (Autor), Lilian Teresa Bucken Gobbi (Autor).
Resumo
A presença de obstáculos é comum durante o andar no dia-adia de idosos. Porém, até o momento, nenhum estudo analisou o andar de pessoas com doença de Parkinson (DP) durante a ultrapassagem de mais de um obstáculo. A ultrapassagem de dois obstáculos pode ser mais arriscada para pessoas com DP devido aos déficits na integração sensorial, somado com os comprometimentos motores, sobretudo a bradicinesia e a hipometria. O período de planejamento (fase de aproximação) para a ultrapassagem nestas situações pode interferir no desempenho desta tarefa motora. Assim, o objetivo do estudo foi comparar a influência de múltiplos obstáculos na fase de aproximação para o obstáculo em idosos com DP e neurologicamente sadios. Participaram do estudo 19 idosos com DP entre os estágios leve e moderado da DP (GP) e 19 idosos neurologicamente sadios (GC). Foram realizadas 3 tentativas para cada condição experimental: andar sem obstáculo (SO), com a presença de um obstáculo (OB1) e dois obstáculos (OB2) de 15 centímetros de altura. Os indivíduos receberam a instrução de andar em velocidade preferida. Para a aquisição dos parâmetros de interesse foi utilizado o sistema GAITRite®, sendo analisado na fase de aproximação o comprimento, duração, velocidade e largura da passada, e porcentagem de suporte simples, duplo suporte e fase de balanço. Os parâmetros de interesse foram analisados através de ANOVAs, com medidas repetidas para condição, com valor de p ajustado (0,017). Para o fator grupo, o GP, em relação ao GC, apresentou menor comprimento, velocidade e porcentagem de suporte simples e maior porcentagem de duplo suporte. Para o fator condição, os participantes apresentaram menor comprimento, velocidade e porcentagem de suporte simples e maior porcentagem de balanço e duplo suporte no OB1 e OB2 quando comparados com SO. Ainda, no OB2, os participantes aumentaram a duração da passada em relação ao SO e OB1. Em relação à interação grupo*condição, o teste post hoc indicou que o GP, em todos os ambientes, apresentou menor comprimento e porcentagem de suporte simples em relação ao GC. Além disso, ambos os grupos diminuíram o comprimento da passada nas condições com obstáculos em relação à condição sem obstáculo. Ainda, o GP diminuiu a porcentagem de suporte simples na presença de 1 ou 2 obstáculos, enquanto o GC não alterou esses parâmetros. Conclui-se que a presença de obstáculos compromete o andar dos idosos, ainda, na presença de 2 obstáculos os idosos necessitam de mais tempo para planejar a ultrapassagem. Porém, devido ao andar mais comprometido de pessoas com DP, ambientes mais complexos pode ser mais arriscados para essa população. Além disso, o GP utiliza uma estratégia mais conservadora para planejar a ultrapassagem, ou seja, eles diminuem a fase de suporte simples.