Resumo

INTRODUÇÃO: o Mixed Martial Arts (MMA) tem crescido de forma surpreendente nos últimos 20 anos. Assim como outras artes marciais, os atletas de MMA competem em categorias divididas por peso, conforme suas respectivas massas corporais. Com o intuito de competir em uma categoria menor em relação ao peso habitual, muitos atletas adotam estratégias de perda de peso. Mas, se por um lado a perda de peso permite ao lutador competir em uma categoria inferior, por outro ela pode provocar alterações fisiológicas importantes às quais poderão não somente trazer prejuízos para o desempenho da luta, mas principalmente para a saúde do atleta. Portanto, investigar os efeitos da perda de peso em parâmetros psicobiológicos e no desempenho físico desses atletas se torna importante para treinadores e preparadores físicos de MMA. OBJETIVO: investigar as estratégias de perda de peso utilizadas por lutadores de alto rendimento do MMA e também qual o impacto dessa perda de peso no estado de humor, no tempo de reação e no desempenho físico desses atletas. MATERIAIS E MÉTODOS: participaram do estudo 8 atletas de MMA do sexo masculino (29,1 ± 4,1 anos, 81,9 ± 7,4 kg e 176,6 ± 7,7 cm). Todos tinham um tempo mínimo de prática de pelo menos 5 anos e compunham o quadro de atletas profissionais de uma equipe de alto rendimento localizada no município de São Paulo. Os atletas foram acompanhados desde as semanas que antecederam o período de perda de peso até o dia após a luta. As coletas foram realizadas nas seguintes fases: fase 1 (4 semanas antes da pesagem); fase 2 (2 semanas antes da pesagem); fase 3 (dia da pesagem); fase 4 (dia da Luta) e fase 5 (1 dia após luta). Durante esse período foram realizadas as seguintes avaliações: anamnese acerca das estratégias utilizadas para perda de peso, estados de humor, tempo de reação, squat jump (SJ), countermovement jump (CMJ). Para análise das respostas durante as 5 fases de monitoramento foi utilizado o teste de interferência baseada em magnitudes. RESULTADOS: entre as estratégias de perda de peso, 12,5 % dos atletas utilizou termogênico, diurético e banheira com sal; 50% fez uso de sauna; 87,5% ingeriu menos líquidos e 100% usou roupa térmica. Para recuperação do peso, 50% utilizou soro, 75% bebeu água de coco e 100% utilizou pedialite. Até o momento da pesagem, a perda de peso foi em média 11,23 kg com recuperação de 9,93 kg (88,42%). O Vigor apresentou provável queda na fase 3 em relação a fase 1 e provável aumento na fase 4 em relação as fases 1 e 3. A fadiga apresentou provável aumento na fase 3 em relação a fase 1 e quase certa redução na fase 4 em relação as fases 1, 2 e 3. Houve provável queda do tempo de reação em relação as fases 1 e 2 e provável aumento na fase 4 em relação a 3 e também provável aumento na fase 5 em relação a fase 4. O SJ apresentou quase certa redução nas fases 3 em relação a 1 e 2 e na fase 5 em relação a 1; houve também provável redução na fases 4 e 5 em relação a fase 2; muito provável redução na fase 4 em relação a 1 e muito provável aumento na fase 5 em relação a fase 1. O CMJ apresentou muito provável redução nas fases 3, 4 e 5 em relação a 1 e da fase 3 em relação a 2. Também houve um provável aumento nas fases 4 e 5 em relação as fases 2 e 3. CONCLUSÃO: durante a perda de peso foi possível observar prejuízos importantes nos estados de humor e no desempenho físico dos atletas. Ainda que parte do peso seja recuperada, essa recuperação ainda é insuficiente em relação ao início do período de perda de peso. Além disso, os prejuízos causados pela perda de peso pode causar impacto negativo nos treinamentos durante a fase de preparação. Por essa razão, treinadores e preparadores físicos devem pensar em estratégias de treinamento e de perda de peso que causem um menor impacto na saúde dos atletas e também nas variáveis determinantes de desempenho da modalidade.

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