Efeitos da suplementação da creatina sobre a função renal: revisão da literatura

Por Álvaro Emilio Baldin (Autor), Cristiane Pinheiro Fucolo Zuliani (Autor), Suzana Bender (Autor), Vagner Fagnani Linartevichi (Autor).

Parte de Medicina do Exercício e do Esporte: Evidências Científicas para uma Abordagem Multiprofissional . páginas 52 - 67

Resumo

Introdução: a suplementação da creatina tem sido amplamente utilizada para melhorar o desempenho atlético, no entanto, alguns aspectos relacionados à sua segurança e efetividade não estão claros na literatura. Objetivo: analisar por meio de uma revisão os efeitos do uso crônico da creatina sobre a função renal. Metodologia: trata-se de uma revisão argumentativa, de base técnica quantitativa descritivo-exploratória. As amostras pesquisadas foram advindas de periódicos, disponíveis no Scielo e PubMed, nacionais e internacionais, publicados entre os anos de 2011 e 2021. Resultados: A suplementação da creatina tem mostrado vários benefícios como o aumento da massa muscular e seu conteúdo nos músculos, no desenvolvimento de maior potência, aumento de força durante o exercício e menos fadiga durante os treinos. Os atletas que mais se beneficiam são os praticantes de alta performance e curta duração. Nesta revisão, dos trabalhos coletados, oito realizaram testes clínicos comparando a suplementação ou não de creatinina diária por até 8 semanas. Marcadores da função renal e outros metabólitos foram dosados e nenhum parâmetro bioquímico, exceto creatinina, obteve uma diferença superior a 4,5% comparado com o grupo controle. De modo que, nestes trabalhos não foram encontradas evidências de dano fisiológico, incluindo renal. Dois estudos mostraram que, em indivíduos saudáveis, a suplementação crônica com creatinina produziu um aumento reversível de aproximadamente 30% da creatinina sérica e concomitante aumento da creatinina urinária. Nenhuma alteração foi vista na taxa de filtração glomerular. Todos os participantes do referido estudo tiveram a diminuição dos valores de creatinina após a suspensão do uso. Além disso, a suplementação diária de baixas doses por até 5 anos não produziu efeito deletério sobre a função renal, comparado com o grupo controle. Neste contexto, o presente estudo não encontrou evidências científicas de que a suplementação da creatina prejudique a saúde de indivíduos saudáveis.