Resumo

Na natação, séries de tolerância a lactato são frequentemente utilizadas no período preparatório específico a fim de desenvolver maior resistência à instauração da fadiga neuromuscular durante provas de velocidade. No entanto, o perfil da fadiga neuromuscular (i.e., central ou periférica) ainda não foi caracterizado na prova de 100 metros livre, bem como os efeitos de séries de tolerância a lactato sobre o desempenho, parâmetros mecânicos, e perfil energético da prova de 100 metros livre também não foram investigados. A partir dos experimentos realizados, dois manuscritos foram confeccionados. O Manuscrito I teve como objetivo caracterizar o perfil da fadiga neuromuscular da prova de 100 metros livre. Para isso, 17 nadadores realizaram um esforço máximo de 100m crawl na linha de base, após seis semanas de preparação específica, e após duas semanas de polimento. O perfil da fadiga neuromuscular foi caracterizado por meio de estimulações elétricas percutâneas no nervo femoral durante uma contração voluntária isométrica máxima realizada nos momentos pré-esforço e pós-esforço. Foi encontrado uma diminuição da força do pulso potenciado entre pré-esforço × pós-esforço na linha de base (189,49 ± 28,08 × 158,66 ± 46,12 N; p = 0,004), após a preparação específica (170,15 ± 28,79 × 150,23 ± 31,32 N; p = 0,006) e após o polimento (168,90 ± 26,05 × 147,17 ± 29,07 N; p = 0,003). Além disso, a força da contração voluntária isométrica máxima também diminuiu na linha de base (620,46 ± 109,00 × 578,44 ± 118,50 N; p = 0,011) e após a preparação específica (554,24 ± 128,40 × 502,52 ± 107,51 N; p = 0,039). Os resultados encontrados indicam que a fadiga neuromuscular durante a prova de 100m é desenvolvida exclusivamente por fatores periféricos. O Manuscrito II teve como objetivo investigar o efeito de três diferentes séries de tolerância a lactato, sendo: (i) 5 × 100m máximos a cada 360 s, 10 × 50m a cada 180 s, e 20 × 25m a cada 90 s, sobre o desempenho, parâmetros mecânicos de nado e perfil energético da prova de 100m livre. Para isso, 20 nadadores foram divididos em 3 grupos (G5×100m = 7; G10×50m = 7; G20×25m = 6) e realizaram um esforço máximo de 100m crawl em três momentos: linha de base, após seis semanas de preparação específica, e após duas semanas polimento. Foi encontrado uma melhora no desempenho do G5×100m entre linha de base × pós-polimento (64,44 ± 10,35 × 61,43 ± 8,66 s; pTukey = 0,036). Além disso, a potência metabólica total sofreu um efeito de tamanho moderado (d = 0,70) e provavelmente positivo (92,6/3,1/4,2 %) no G5×100m, e grande (d = 1,52) e muito provavelmente positivo (99,2/0,3/0,5 %) no G20×25m. Os resultados encontrados indicaram que estas séries parecem ser efetivas na melhora do desempenho e aumento da potência metabólica total em esforços máximos de 100m crawl.

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