Resumo

O desempenho de corredores de longa-distância é estabelecido por uma complexa interação entre variáveis físicas, tais como consumo máximo de oxigênio, economia de corrida e limiares metabólicos. Sabe-se que o treinamento pliométrico e de longa-distância podem modificar a interação entre estas variáveis, porém, investigações adicionais sobre como ocorrem estas adaptações, bem como sua transferência para o desempenho são necessárias. Portanto, o presente estudo teve como objetivo investigar o efeito combinado do treinamento pliométrico e de longa-distância em variáveis constituintes do desempenho de corredores fundistas. A amostra foi composta por 23 corredores do sexo masculino, com idade entre 18 e 50 anos, especialistas em provas de 10-km, e divididos em dois grupos experimentais de treinamento: I) treinamento combinado (TP: pliométrico + longa-distância; n = 11); II) treinamento de longa-distância (TC: longa-distância; n = 12). Todos os atletas foram submetidos a três sessões de avaliações (momento 1 - pré), correspondentes as mensurações de parâmetros antropométricos, neuromusculares, cardiorrespiratórios (sessão 1 e 2), e de desempenho nos 10-km em pista (sessão 3). Após o término das avaliações iniciais, os atletas foram divididos de forma pareada nos grupos de treinamento combinado (TP) ou de longa-distância (TC) a partir do teste de desempenho obtido nos 10-km antes do início do treinamento, e em seguida, iniciaram as 8 semanas de treinamento. Ao final do protocolo experimental, os atletas foram reavaliados (momento 2 - pós), e os testes aplicados foram os mesmos da avaliação inicial. Os resultados do presente estudo demonstraram que não houve alterações nas variáveis antropométricas e de flexibilidade, com exceção do ângulo de fase. Em relação aos testes neuromusculares, foi encontrado aumento significativo nos saltos counter movement jump, squat jump e drop jump após o treinamento, independente do grupo analisado. A altura do drop jump 50cm foi menor no grupo pliométrico, quando comparado ao grupo de treinamento de longa-distância, independente do momento de avaliação. Quando analisado as variáveis biomecânicas, encontramos aumento do tempo de contato com o solo e da oscilação vertical (apenas 18 km.h-¹), além de diminuição da frequência de passada (12, 16 e 18 km.h-¹) e da rigidez da perna (10 a 18 km.h-¹) após o treinamento, independente do grupo analisado. O grupo pliométrico apresentou aumento do tempo de contato com o solo (14 km.h-¹), porém, apresentou reduções significativas na força relativa máxima (16 km.h-¹) e na rigidez da perna (14 km.h-¹). Nas variáveis fisiológicas, houve aumento da economia de corrida, do ponto de compensação respiratória e do pico de velocidade em esteira, porém, o consumo máximo de oxigênio manteve-se estável, nos dois grupos de treinamento investigados. O desempenho final e a percepção subjetiva de esforço no teste de 10-km também não foram alterados significativamente, porém, a estratégia de prova (trecho inicial e parciais) e pico de velocidade nos 10-km aumentaram após o período experimental. Em resumo, após o protocolo experimental, o grupo de treinamento combinado apresentou alterações semelhantes em variáveis constituintes do desempenho em corredores de 10-km, quando comparado ao grupo de treinamento de longa-distância.


 

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