Resumo
O declínio das capacidades motoras é inevitável ao longo do envelhecimento, porém, a curva desse declínio pode ser reduzida quando o exercício físico é utilizado como forma de intervenção. Em geral, envolvem a repetição de movimentos cíclicos e de baixa complexidade, com o objetivo de aumentar a eficiência fisiológica dos praticantes. Entretanto, há evidências que comprovam a plasticidade cerebral de animais, inclusive em animais idosos, que foram expostos a ambientes e experiências enriquecedoras. Estudos com humanos permitiram observar que os efeitos da aprendizagem de habilidades motoras estão associados a mudanças não apenas comportamentais, mas também nas estruturas cerebrais. Os resultados desses estudos têm sido discutidos em termos do esforço cognitivo relativo ao processo de aprendizagem e, em especial, das habilidades motoras complexas. Neste sentido, este estudo pretendeu verificar os efeitos de dois programas de exercícios físicos nas estruturas cerebrais e capacidades motoras de idosas. Mais especificamente, em uma situação experimental de ensino, foram aplicados dois programas de exercícios físicos, um voltado para a prática de habilidades motoras complexas e o outro voltado especificamente para a prática de movimentos de baixa complexidade (simples). Foram avaliados os efeitos desses programas sobre as estruturas cerebrais, por meio de ressonância magnética cerebral e, também, sobre as capacidades motoras, por meio de testes de capacidade funcional. Participaram do estudo 40 mulheres com idade média de 66,56 anos. Foram formados 3 grupos: Condicionamento Físico, Jogos e Controle. O programa de exercícios teve a duração de 14 semanas, com 3 sessões semanais. As avaliações ocorreram no início e no final dos programas nos 3 grupos. Os resultados revelaram que o grupo controle não apresentou mudanças significantes nas capacidades motoras nem em relação às estruturas cerebrais. O grupo Condicionamento Físico obteve melhora significante no desempenho dos testes de força de membros superiores, flexibilidade de membros inferiores e agilidade/equilíbrio dinâmico. Já o grupo Jogos demonstrou aumento significante no desempenho dos testes de flexibilidade de membros inferiores, agilidade/equilíbrio dinâmico e equilíbrio pé direito olho aberto. Entretanto, nenhum dos grupos, inclusive daqueles que praticaram exercícios físicos, apresentou mudanças significantes no que diz respeito às estruturas cerebrais. Concluiu-se que os programas de exercícios físicos foram parcialmente efetivos para a melhora das capacidades motoras, mas não promoveram alterações na estrutura cerebral