Resumo

Este estudo teve como objetivo investigar os efeitos da intervenção aquática em crianças com características de Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC). Mais especificamente, investigar estes efeitos no desempenho motor, nas atividades da vida diária (AVD´s) e nas atividades da vida escolar (AVE´s); e compará-los com os efeitos da intervenção terrestre. A amostra foi composta de 66 crianças estudantes do ensino fundamental (27 meninas e 39 meninos), entre 6 e 10 anos de idade. As crianças com características de TDC (N = 47) constituíram os grupos: controle (TDC-C; N=12), de intervenção aquática (TDC-A; N=19) e de intervenção terrestre (TDC-T; N=16). Foi formado também um grupo controle com crianças de desenvolvimento típico (DT-C; N=19). Os grupos experimentais foram submetidos a intervenções específicas (meio terrestre ou meio aquático) durante 4 meses, com três aulas semanais de 60 minutos de duração, totalizando 50 sessões. Ambas as intervenções abordaram três temas: Habilidades de Estabilização, Habilidades de Locomoção e Habilidades de Manipulação. A variável dependente desempenho motor (escore total do MABC2 e escore Z) foi avaliada em quatro pontos no tempo Pré-teste, Pós, 3m-Pós e 6m-Pós - enquanto as variáveis dependentes AVDs e AVEs em três pontos no tempo Pré-teste, Pós e 6m-Pós. Os resultados referentes ao escore total do MABC2 revelaram diferença entre os grupos TDC-T e TDC-C, favorável ao primeiro, e entre o Pré-teste e os demais tempos, sem distinção de grupo. Mas somente para os grupos experimentais (TDC-A e TDC-T) o tamanho dos efeitos entre os tempos foi de grande magnitude, o que confere significância funcional às intervenções. Por sua vez, a análise do escore Z revelou diferença entre o grupo TDC-C e os grupos TDC-A e TDC-T, seis meses após a finalização das intervenções. Este resultado mostra que somente o desempenho motor dos grupos experimentais se aproximou da referência para crianças de desenvolvimento típico. A análise dos escores totais do Questionário de Pais e do Questionário de Professores mostrou que as intervenções aquática e terrestre favoreceram as AVDs e as AVEs. Os resultados revelaram ainda, que não houve diferença significante entre os grupos experimentais (TDC-A e TDC-T) nas variáveis dependentes deste estudo. Estes resultados permitem concluir que: a) a intervenção aquática favorece o desempenho motor, as AVDs e as AVEs de crianças com características de TDC; e, b) esses efeitos favoráveis da intervenção aquática não diferem daqueles da intervenção terrestre. Em suma, pode-se concluir que a intervenção motora, independentemente do meio ambiente em que ocorre, aquático ou terrestre, é altamente recomendada para as crianças com características de TDC, pois possibilita desempenho semelhante ao de crianças com desenvolvimento típico. A partir destes resultados e conclusões, estudos futuros devem ser desenvolvidos com o objetivo, por exemplo, de investigar os efeitos da intervenção aquática em relação às habilidades especificas a cada uma das subseções do teste MABC2
 

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