Efeitos de Um Programa de Reabilitação Pulmonar na Aptidão Física de Portadores de Dpoc.
Por Cristina Quoos (Autor).
Integra
INTRODUÇÃO:
Atividade física e aptidão física são associadas ao bem estar, à saúde e à qualidade de vida das pessoas em todas as faixas etárias, principalmente na meia-idade e na velhice, onde os riscos potenciais da inatividade se materializam, levando a morte precoce ou a perda de muitos anos de vida útil. A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) costuma se manifestar nos indivíduos após os 40 anos e caracteriza-se pela obstrução ou limitação crônica ao fluxo aéreo, com evolução lenta e progressiva, combinada com bronquite crônica e enfisema pulmonar. O portador de DPOC diminui sua atividade física devido a piora progressiva da função pulmonar. Dá-se início a um ciclo vicioso, onde a piora da dispnéia associa-se a esforços físicos cada vez menores, com grave comprometimento da qualidade de vida e impacto social. A Reabilitação Pulmonar surge como um serviço multidimensional contínuo, para pessoas com doenças pulmonares e seus familiares, realizado usualmente por uma equipe multidisciplinar, com objetivo de prevenir a progressão da doença, aliviar os sintomas, aumentar a tolerância aos exercícios, melhorar a condição da saúde, reduzir a mortalidade e prevenir ou minimizar os efeitos colaterais. Essa pesquisa, de caráter descritivo-exploratório, teve como objetivo identificar os efeitos de um programa de reabilitação pulmonar na aptidão física de portadores de DPOC, destacando o papel fundamental dos exercícios físicos na melhoria do estilo de vida desses pacientes.
METODOLOGIA:
Os dados foram coletados entre os participantes do Programa de Reabilitação Pulmonar/UNISC, realizado no Hospital Santa Cruz, Santa Cruz do Sul/RS, sendo sujeitos desse estudo quatro pacientes, do sexo masculino, de raça branca, de 59 a 76 anos de idade, aposentados, ex-fumantes, sedentários e portadores de DPOC, fazendo uso de oxigênio de 12 a 18 horas/dia, com um grau de dispnéia de moderado a muito grave . Num primeiro momento, foi realizada avaliação funcional, definindo, na avaliação morfológica, o perfil da composição corporal, através do índice de massa corporal (IMC), percentual de gordura (%G), e proporcionalidade, pela relação cintura-quadril (RCQ). A avaliação funcional-motora, foi caracterizada pela aptidão cardiorrespiratória, através do Teste de caminhada dos 6 minutos (TC6) e Teste de Astrand no cicloergômetro, e pela aptidão músculo-esquelética. Num segundo momento, foram elaboradas três sessões semanais, durante 8 semanas, que constaram de exercícios de aquecimento, alongamento, fortalecimento muscular, e aeróbicos. O exercício aeróbico, realizado no cicloergômetro, teve duração máxima de 30 minutos, com intensidade de 30 a 50% da Freqüência Cardíaca de Reserva (Karvonen), já os de fortalecimento muscular foram realizados de 8-15 repetições e de 2-3 séries diárias, sendo a carga utilizada determinada de acordo com o Teste de Carga por Repetição - TCR. Após a aplicação das sessões foram refeitas as avaliações iniciais, e comparados os resultados.
RESULTADOS:
Com relação à avaliação morfológica, comparando-se pré e pós-teste, os sujeitos apresentaram alterações importantes com relação ao percentual de gordura , tendo três deles demonstrado melhorias (redução de 1,57 a 4,19% de gordura corporal total), no entanto, não alterando substancialmente os valores de RCQ (3 classificados com índices moderados e 1 com baixo risco cardiovascular), o que se manteve no pós-teste. Considerando os resultados de IMC, dois pacientes foram classificados como normais e dois com baixo peso, na pré-avaliação, indicando, na pós-avaliação, uma discreta melhoria nesses últimos com relação à normalidade. Quando analisamos a avaliação funcional-motora, encontramos os maiores ganhos; no teste de Astrand, apenas um manifestou aumentos no consumo máximo de oxigênio (VO²máx de 30,13 a 51,07 ml/Kg/min), contudo no TC6 todos apresentaram melhoria na distância percorrida (média de ganho de 163,75 metros), além de uma maior facilidade na execução dos movimentos e uma redução no tempo de utilização de oxigênio, durante o exercício. Com relação aos participantes desse estudo, três manifestaram melhoras efetivas nas variáveis analisadas, somente um não alcançando o resultado esperado. Este fato pode ter ocorrido por determinação de algumas variáveis, ou seja, ele era o mais idoso, fumante por mais tempo, e apresentou um nível de compreensão comprometido com relação a importância do programa de ReabilitaçãoPulmonar, podendo ter interferido nos resultados.
CONCLUSÕES:
Os resultados apontam efeitos positivos do programa de reabilitação pulmonar na aptidão física dos portadores de DPOC,e, em conseqüência na melhoria de seus estilos de vida, destacando o papel dos exercícios físicos. De uma forma geral, os sujeitos desse estudo atenderam aos objetivos traçados, apresentando alterações na aptidão, no que se refere as variáveis analisadas de IMC, percentual de gordura, e distância percorrida no TC6, ratificando que o programa de Reabilitação Pulmonar, aqui definido, foi efetivo, sugerindo uma orientação correta no caminho da convalidação do mesmo. Os resultados apontam os exercícios físicos na melhora da aptidão física, atuando como coadjuvantes no processo de Reabilitação Pulmonar desses pacientes portadores de DPOC.