Efetividade de uma intervenção sobre indicadores de saúde mental em estudantes de áreas de baixo desenvolvimento humano em Fortaleza, Ceará
Por Soraya Anita Mendes de Sá (Autor), Alexsandra da Silva Bandeira (Autor), Valter Cordeiro Barbosa Filho (Autor), Adair da Silva Lopes (Autor).
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Resumo
As políticas em saúde e a formação dos profissionais sempre colocaram como prioridade o controle da morbidade e mortalidade. Porém o avanço sobre o entendimento do que é saúde ajudou na avaliação não apenas da frequência das doenças e mortalidade, mas também com a avaliação de medidas de percepção de saúde mental. OBJETIVO: Avaliar a efetividade de um programa de intervenção na melhora de indicadores de saúde mental (percepção de saúde, qualidade de vida, estresse e imagem corporal) em estudantes de Fortaleza, Ceará. MÉTODOS: Estudo de intervenção randomizado e controlado, realizado em 2014 em seis escolas de bairros de Índice de Desenvolvimento Humano baixo (variando de 0,170 a 0,491). O estudo envolveu 548 escolares no grupo intervenção e 537 no controle, com idades de 11 a 17 anos, que cursavam do 7º ao 9º ano. O grupo intervenção (três escolas) realizaram o programa ―Fortaleça sua Saúde‖, com duração de quatro meses, que envolveu treinamento dos professores, oportunidades para prática de atividade física na escola e educação em saúde foram as estratégias utilizadas na intervenção. Escolas controle tiveram atividades convencionais. Os estudantes responderam um questionário antes e após a intervenção, envolvendo três questões para avaliação da percepção de saúde, de qualidade de vida e de estresse (classificadas em positiva ou negativa). A imagem corporal foi avaliada por meio da escala de silhuetas (satisfeito ou insatisfeito). Sexo, idade, classe econômica, nível de atividade física e tempo de tela foram controlados. Regressão logística binária foi utilizada para calcular o odds ratio (OR) de um estudante do grupo intervenção passar a ter percepção positiva nos indicadores de saúde mental após o acompanhamento, em comparação aos estudantes do grupo controle. RESULTADOS: Após ajuste para variáveis de confusão, não foram observadas mudanças significativas da percepção de qualidade de vida (OR = 0,99; IC95%: 0,74; 1,33, p = 0,97), de saúde (OR = 0,91; IC95%: 0,69; 1,20, p = 0,50) e de estresse (OR=0,99; IC95%: 0,64; 1,18, p=0,36), bem como da satisfação com imagem corporal (OR = 0,99; IC95%: 0,82; 1,46, p = 0,55). CONCLUSÃO: O programa ―Fortaleça sua Saúde‖ não foi efetivo para melhorar alguns indicadores de saúde mental em estudantes de escolas em bairros de baixo desenvolvimento humano. Intervenções focadas na saúde mental e bem-estar da população jovem são incipientes e devem ser priorizadas em futuros estudos