Resumo

A cidade de São Paulo foi fundada no entroncamento entre os rios Pinheiros, Tietê e seus afluentes, caminhos de água fundamentais ao crescimento da cidade e à instalação do núcleo populacional. Local de diversificadas práticas recreativas e de divertimentos, especialmente entre fins do século XIX e início do XX, os rios testemunham a passagem do sentimento de temor da natureza por aquele do prazer aliado aos desafios corporais que as águas aportam. O objetivo central desta tese é analisar as transformações ocorridas no âmbito dos usos dos rios Pinheiros e Tietê que culminaram na consolidação de uma cultura física paulistana, sobretudo, a partir do surgimento de clubes e de competições esportivas entre as décadas de 1890 e 1940. As fontes utilizadas foram: atas, documentos e revistas dos clubes esportivos; legislações; jornais A Gazeta e Correio Paulistano; memorialistas; imagens, poesias e outros artefatos da cultura material. Nesse período, em que a cidade de São Paulo passava por transformações profundas em seu traçado e na forma de viver de seus habitantes, emergiu uma cultura física, que assinalava os benefícios de exercícios físicos e esportivos ao ar livre como possibilidade de divertimento, promoção de saúde, higiene e combate às mazelas da vida urbana. No âmbito dessas ideias, os rios começam a ser utilizados para inúmeras atividades recreativas, sobretudo com o surgimento de clubes esportivos. No final da década de 1890, os primeiros desafios aquáticos passaram a ser noticiados nos jornais e os primeiros clubes foram instalados às margens dos rios. Espaço de prazer e diversão, os rios foram transformados brutalmente pela construção de largas avenidas que destruíram a possibilidade de desfrute de natureza a partir da década de 1940. Foi também nesse período que a poluição tornou impraticável o uso das águas. Este período marca, portanto, o limite final desta pesquisa.

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