Entre o Quadro e a Cova: as corporificações das juventudes afras para as equidades raciais em Vitória e Lisboa.
Por Pamela Tavares Monteiro (Autor), António Camilo Teles Nascimento Cunha (Autor).
Em IX Colóquio de Pesquisa Qualitativa em Motricidade Humana
Resumo
O presente trabalho se refere a um relato de experiência contida na investigação de mestrado denominada: “O corpo negro e suas re-existências: as estéticas afro-diaspóricas das juventudes afrobrasileiras no Núcleo Afro Odomodê”. Esta, direcionou o foco de atenção para a análise do Núcleo Afro Odomodê (Odomodê) da Prefeitura Municipal de Vitória, situado no Morro do Quadro, Espírito Santo, Brasil, onde é a única política pública voltada para as juventudes afro-brasileiras no Estado, centrado na valorização da cultura negra e empoderamento juvenil, tendo como princípios e diretrizes o Plano Municipal de Juventude, o Estatuto da Juventude e o Estatuto da Igualdade Racial. A investigação objetivou analisar a colaboração da cultura corporal de movimento nas intervenções do Odomodê, sobretudo analisando as dimensões (cognitiva, psicológica e política) do processo de empoderamento negro e suas relações com o dispositivo de re-existência. Para maior aprofundamento teórico-prático nos inquietamos em investigar como a cultura corporal de movimento auxilia as re-existencias das juventudes afras em outros territórios, o que nos levou a Associação Moinho da Juventude (AMJ), situada na Cova da Moura, Amadora, Lisboa, Portugal, pela proximidade com as metas, valores e objetivos do Odomodê. Desde já, enfatizamos que as visitas realizadas se caracterizaram como troca de saberes entre atores políticos (coordenadores e jovens) que corroboram para o desenvolvimento das referidas organizações. Metodologicamente, a visita de campo se configurou como um estudo interpretativo de observação participante com auxílio do diário de campo. Após as realizações das visitas, no exercício de comparar os dois contextos juvenis (cabo-verdiano-português e afro-brasileiro) percebemos três pontos principais. O primeiro é o de que ambas as juventudes afras corporificam o ensino da cultura e história afra através das atividades, dentre estas as da cultura corporal de movimento: danças e esportes - onde os elementos de suas origens afras são discutidos e explicados.