Resumo

Reconhecendo que o voleibol tem se mostrado o esporte em que, com flagrante recorrência, colocam-se questões quanto aos sentidos mais normalizadores do masculino, tanto pelas performances de gênero, como pela visibilidade da orientação homossexual de seus atletas, que têm sido protagonistas em potentes processos de rompimento com a dominância da heteronormatividade nos contextos esportivos, o foco desta pesquisa se desenvolve no referido esporte. Deste modo, buscou-se, nesta tese, problematizar os processos de significação da masculinidade entre jovens adolescentes atletas de voleibol e estudantes da educação básica, que se identificavam como gays e bissexuais, a partir da produção e discussão de narrativas que abordassem essa temática relativamente aos diferentes espaços- tempos do esporte e da escola. Como etapa inicial, realizou-se revisão da produção acadêmica do campo de estudos sobre homens e masculinidades, nas áreas de Educação e Educação Física, em publicações de periódicos da última década (2007-2016), buscando assim, o diálogo da tese com as pesquisas dos referidos campos de estudos. Foram mobilizadas as teorizações desenvolvidas por Jacques Derrida e Judith Butler, com destaque para as noções de performatividade da linguagem e performatividade de gênero, para discutir a categoria masculinidade, e procurou-se, ainda, a aproximação com a perspectiva queer, propondo os operadores de pesquisa masculinidade normalizadora e masculinidade queer para a interpretação das narrativas produzidas pela pesquisa. Os jovens adolescentes, em seus relatos, enunciaram a imposição da masculinidade normalizadora como performance nos espaços-tempos do voleibol e, principalmente, da escola, que os apreendia como corpos abjetos e precários. Entretanto, também foram frequentes as desestabilizações destes sentidos normalizadores, em particular no espaço-tempo do voleibol, quando os jovens adolescentes, nos clubes em que se constituíam como atletas, resistiam à exigência da masculinidade normalizadora por meio de enunciações subversivas e paródias de gênero, aproximando-se de uma significação da masculinidade que denominou-se como lançada em horizonte queer. As narrativas também apresentaram a categoria masculinidade atravessada por marcadores da diferença, como: orientação sexual; raça; classe social; idade; deficiência; e religião, mobilizando reflexões em abordagem interseccional sobre o agravamento da condição de precariedade destes jovens adolescentes nos espaços-tempos do voleibol e da escola, além de contribuírem para desmontar os essencialismos, usualmente postos nas identificações dos sujeitos. O desejo de um horizonte queer para a masculinidade, na contemporaneidade, expressa um ideal que se quer chegar e alcançar, potencializando ao infinito suas performances de gênero, ao mirar a ruptura radical das opressões e desigualdades que, as estabilizações identitárias promovem sobre os sentidos do masculino e de “ser homem”.

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