Espaços Esportivos e a Urbanização em Belo Horizonte (1959-1980)
Por Luciana Cirino Lages Rodrigues Costa (Autor), Elcio Loureiro Cornelsen (Autor).
Resumo
No Brasil, ao longo do século XX, a ação do Estado no campo do esporte comportou diferentes conflitos e interesses, disputas que evidenciaram os jogos de poder e os arranjos presentes na trajetória política esportiva (LINHALES,1996; VERONEZ, 2005; CASTELLANI FILHO, 2001). E, na política de lazer, também é possível identificar tais jogos de poder. O acentuado aumento populacional brasileiro, ocorrido a partir dos anos 1950, impactou e ainda tem impactado significativamente a urbanização nas grandes cidades, situação que percebemos em Belo Horizonte. Planejada e iniciada as obras de sua construção no final do século XIX, foi inaugurada em 1897 para assumir a centralidade do poder em Minas Gerais, tornando-se a nova capital do Estado. Em seu traçado inicial, a cidade já previa espaços para o divertimento. E, ao longo dos primeiros anos de sua existência, foram constituindo-se os espaços para a prática esportiva (RODRIGES, 2006), que, gradativamente, se espalharam pela cidade, que crescia e rompia o seu traçado inicial. (COSTA e RODRIGUES, 2016). Nesse movimento de crescimento da cidade, áreas que eram pouco povoadas foram ocupadas, urbanizadas e habitadas. A região da Pampulha, que teve significativa intervenção entre as décadas de 1930 e 1940, passou por esse processo, de modo mais acentuado após a constituição do seu conjunto arquitetônico. Constituiu-se, assim, um novo espaço na cidade, em que se poderia ter acesso às práticas esportivas e ao lazer (VIANA, 2013). Assim, nos indagamos: como os espaços de esporte e lazer foram pensados pelo poder público nesse novo processo de urbanização da cidade? Esta é a questão central na realização do presente estudo, que é parte da pesquisa de doutorado (em desenvolvimento) e que tem por objetivo identificar e analisar os processos que impulsionaram a construção do Palácio dos Esportes, popularmente conhecido por Mineirinho. A metodologia utilizada compreende a análise de documentos e fotografias do arquivo da Diretoria de Esportes de Minas Gerais (DEMG), e também de relatórios de prefeitos de Belo Horizonte. Identificamos que os processos que levaram à construção do Mineirinho (1959 a 1980), que guarda relação com a construção do Estádio do Mineirão (entre 1959 e 1965), impulsionaram a aceleração da urbanização nas suas imediações, em especial nos anos de 1960 e 1970, fomentando, entre outros, a pavimentação de avenidas e ruas próximas, a expansão da rede de comunicação e de água tratada e a alteração da paisagem da cidade, que deu lugar a um complexo esportivo e de lazer, constituído por um estádio de futebol – o Mineirão –, um Centro Esportivo, e, posteriormente, pelo Palácio dos Esportes – o Mineirinho.