Resumo

O estudo analisa como os trabalhadores rurais vivenciam os programas educacionais que afirmam, em seu discurso, tratar-se de um direito, entendido como um processo que não diz respeito apenas às garantias formais, inscritas nas leis, mas ao modo como as relações sociais se estruturam. A pesquisa buscou identificar os fatores explicativos da persistência dessa população em processos educacionais marcados por dificuldades e insuficiências, examinando em que medida o direito à educação vem sendo instituído no campo. O trabalho foi realizado em Baturité, Ceará, em 2005/2006, e contou com observações de aula de educação de jovens e adultos em três comunidades rurais; dinâmicas de grupo; entrevistas com sindicalistas, professores e estudantes do campo, membros de associações e técnicos governamentais. As histórias de escolarização revelam roteiros de dificuldades e destituições, mostram que a educação de jovens e adultos no campo se faz em negativo e mantém-se fora da agenda das associações, sindicato e conselhos. Conclui-se que a experiência configura mais uma destituição do direito do que sua construção e que somente políticas participativas bem estruturadas e mobilizações contundentes possibilitariam o exercício do direito à educação no campo.

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