Esporte e Ciências Sociais: Autobiografia de Pesquisa Num Campo Periférico
Resumo
Antes de tudo gostaria de prevenir o leitor e os ouvintes de minha intervenção nessa mesa que tem como tema as ciências socais1 e o esporte, que não pretendo realizar uma exposição demonstrando as especificidades disciplinares e suas fronteiras teóricas ou metodológicas ou as inter-relações e interdependências desses respectivos campos na produção do conhecimento sobre os esportes ou qualquer outra temática. Também não vou abordar a velha discussão que relembra que o tema dos esportes é periférico, ou menor, em relação aos respectivos campos disciplinares da história, da sociologia e da antropologia. Essa reclamação se tornou comum em textos clássicos sobre o assunto, ou repetidas entre os que hoje produzem a partir de tal temática. A única coisa que quero chamar a atenção sobre a idéia de periferia ou tema menor, é que o campo de estudos dos esportes teve autores e estudos pioneiros produzidos no interior da história, da sociologia e da antropologia no Brasil, mas também teve um tremendo impulso a partir do campo da educação física brasileira quando os estudos culturais com diferentes ênfases e abordagens disciplinares ganharam expressão no interior dessa comunidade a partir dos anos 90. Aqui teríamos a idéia de periferia elevada ao quadrado, quando comparadas as ciências sociais estabelecidas. Todavia, sabemos que é na fronteira que a rigidez cultural e científica se dissolvem e fornecem os espaços para experimentação, circulação, criação e novos investimentos. A fronteira é um local de sinergia